Foi apresentado, nesta terça-feira (06/10), no Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, o trabalho “Os Mecanismos de Controle Postural em Deficientes Visuais”. A apresentação, ministrada pela aluna Rosane Nascimento, da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD/UFRJ), faz parte da Semana da Jornada de Iniciação Científica da UFRJ.
A informação visual parece crucial para o controle da postura corporal. No entanto, pouco se sabe sobre como a ausência da visão pode influenciar o controle postural. O objetivo do estudo, apresentado no trabalho, foi avaliar a influência do grau de comprometimento visual sobre o controle postural em deficientes visuais.
Dezesseis atletas deficientes visuais participaram do estudo e foram divididos em dois grupos de acordo com o comprometimento visual: indivíduos completamente cegos (B1) e indivíduos com baixa visão (B2). A divisão relacionada à acuidade visual está de acordo com a classificação esportiva da Federação Internacional de Esportes para Cegos. Um grupo-controle de videntes (V), pareados em sexo e idade, também foi testado.
Para avaliar o controle postural, utilizou-se uma plataforma de força (AMTI), onde os voluntários permaneceram em pé em duas condições: pés afastados (PA) a uma distância confortável e pés unidos (PU), com duração de um minuto para cada condição. O centro de pressão dos pés foi obtido e a área dos deslocamentos corporais foi calculada.
Os resultados revelaram um efeito principal para a posição dos pés, assim como uma interação significativa entre grupo x posição dos pés. O pós-teste revelou diferenças significativas entre o grupo de indivíduos completamente cegos e o grupo de controle, na condição PA, não tendo sido encontradas diferenças entre B2 e os demais grupos.
Estudos em voluntários com visão têm mostrado que variações na base de suporte podem interferir nas oscilações posturais. Os resultados do trabalho no grupo vidente confirmam que a diminuição da base de suporte leva ao aumento da área de oscilação corporal. No entanto, não foi verificada a interferência de modificações na base de suporte sobre o controle postural nos deficientes visuais, independentemente do grau de comprometimento visual. Uma hipótese para explicar esses resultados seria que a deficiência visual induziria a utilização de mecanismos de controle distintos daqueles observados nos videntes para manter o equilíbrio em diferentes bases de suporte.