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A adolescência e suas complexidades

A importância de se entender os dilemas e conflitos dessa fase da vida foram os principais objetivos da palestra “Adolescência: surge um novo comportamento”, ministrada por Selma Correia da Silva, psicóloga, psicanalista e pesquisadora da  Universidade do estado do Rio de Janeiro (Uerj). O evento aconteceu nessa quinta-feira (13/8), no Anfiteatro Nobre do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG/UFRJ), e faz parte do ciclo de palestras “As quatro estações”, promovido pelo Centro de Estudos Professor José Martinho da Rocha do IPPMG.

A palestrante explicou o que acontece nessa fase da vida: “A adolescência se caracteriza pela vontade de ruptura e a vontade de construir seu próprio caminho a partir de referências. O indivíduo começa a construção da sua personalidade”. Com isso, muitos profissionais afirmam que a personalidade de um indivíduo é formada na adolescência, porém esta vai se desenvolvendo durante toda uma vida, e não somente nesse período.

As primeiras referências têm como primeiro ponto a figura de autoridade, tomada pelos pais, como o “outro”. Segundo Selma Correia, Freud relata nos “Três ensaios sobre a sexualidade” a importância, para vida do sujeito, do desligamento com a figura da autoridade. “Vai ocorrer o dia em que o sujeito vai ter que se desligar deste outro, a quem era alienado. São nestes momentos que os conflitos podem aparecer, pois, na maioria das vezes, os pais não entendem esta separação. Os principais momentos da adolescência se traduzem nos momentos da alienação e  do desligamento”, afirma a psicóloga.

O ato de se desligar vai ocorrer devido às escolhas que esse indivíduo vai realizar, sempre presas à escolhas anteriores, como a sexualidade, as amizades e as profissões. Porém, é importante lembrar que nem sempre tais escolhas vão trazer consequências ruins e nem todos os adolescentes farão essas escolhas com tranquilidade. “O vestibular é um caos. Atualmente, há uma competição cada vez maior e  pressão muito grande para escolher uma profissão aos 15 ou 16 anos. Muitas vezes, não é só a questão da idade. Os pais e amigos também podem pressionar a escolha”, explica Selma Correia.

Diante dessas dificuldades, pressões e ameaças, ao não poder fazer suas escolhas, o adolescente vai se recolher e ocorre a chamada “inibição”, uma baixa de energia psíquica, que movimenta a vida das pessoas. Esse fator inibidor aparece como  prejuízo social e representa uma expressão de sofrimento.

“Os resultados desta inibição aparecerão por meio de conflitos como as questões de sexualidade, a gravidez inesperada, as situações de violência, o abuso de álcool e outras drogas e problemas no aprendizado escolar, sendo, atualmente, a depressão o fenômeno que mais se destaca no âmbito dos adolescentes”, conclui Selma.