A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) agora faz parte da Rede Brasileira de Instituições de Ensino Superior para o Desenvolvimento Sustentável (UniSustentável). A parceria promove a cooperação entre instituições de ensino superior para buscar uma sociedade mais sustentável. A assinatura da carta foi realizada na quarta-feira passada (10/4) pela vice-Reitora da Universidade, Cássia Turci, durante o evento de comemoração do selo Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de Educação (ODS/EDU), concedido à instituição pelo segundo ano consecutivo.
A adesão à Rede UniSustentável é por um lado uma forma de mostrar para além do estado do Rio o que a Universidade vem realizando e, por outro, inspirar-se em outras instituições, segundo a vice-reitora. “Embora tenhamos hoje estudantes e professores de todos os lugares do Brasil, é uma forma de a gente se integrar com outros projetos importantes de sustentabilidade e formar uma corrente para ajudar o nosso país”, afirmou.
Por meio da formação de pessoas e incentivo à adoção de boas práticas sustentáveis, a Rede Unisustentável tem como proposta promover ações de cooperação, colaboração, intercâmbio e comunicação entre instituições de ensino superior visando a sustentabilidade. Os objetivos principais da Rede se dão em gerar troca de experiências entre as universidades em ações de ensino, pesquisa, extensão, empreendedorismo, entre outros, promover canais de divulgação de boas práticas das universidades, além de fortalecer a participação das instituições de ensino superior brasileiras em redes internacionais que fomentem o compromisso com a sustentabilidade.
O evento contou com a participação remota da coordenadora da Rede, Rosamaria Padgett, que também é a representante da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). A professora enfatizou que o intuito principal da rede é promover um ambiente de cooperação entre as instituições de ensino superior, visando uma sociedade mais sustentável e consciente do seu papel na conservação do meio ambiente. “Hoje marca o início de uma relação que será promissora e resultará em conquistas significativas entre UFRJ e Rede Unisustentável”, completou.
Novo marco para romper com a fragmentação
No ponto de vista do professor Francisco Esteves, a rede é um marco que a sustentabilidade alcança interna e externamente na UFRJ. Coordenador do grupo Sustentabilidade e Educação Regenerativa (SER/UFRJ), Esteves também destacou a dificuldade de plantar “a semente da sustentabilidade” nas ações dentro e fora da universidade. “É um desafio sem precedentes na história da humanidade, pois, para se tornar real, há necessidade de alterar hábitos, costumes e posturas”. Desde outubro de 2023, o SER vem delineando uma política de sustentabilidade para a UFRJ, mas o desafio maior está em unir todas as ações realizadas na Universidade, que são muitas. “Integrar, integrar, integrar, integrar e integrar! Somos uma universidade fragmentada e precisamos romper isso”, completou o professor.
Com a abertura musical do grupo de choro da UFRJ, Sôdade Brasilis, o evento foi uma cerimônia de premiação e comemoração aos projetos da Universidade selecionados para o selo ODS/EDU. Segundo Graciella Faico, do Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho (GID), esses projetos “representam o símbolo de protagonismo e comprometimento com a Agenda 2030” Ano que vem a UFRJ sediará a premiação nacional do Selo ODS, que ocorreu em São Paulo desta vez.
A mesa de abertura contou com a presença da professora da UFRJ e ex-secretária de Ciência e Tecnologia do RJ, Tatiana Roque, que falou sobre a importância das universidades no desenvolvimento econômico das cidades. “Que a gente como universidade e cidadão consiga se colocar conectado com esse grande desafio que é criar caminhos de desenvolvimento econômico e social que sejam ao mesmo tempo inclusivos, democráticos e sustentáveis”, disse.
A coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura (FCC/UFRJ), Christine Ruta, demonstrou a emoção em ver a universidade implementando políticas de sustentabilidade e preocupando-se cada vez mais com esse tema urgente. “São pequenas ações que podem gerar modificações na nossa sociedade”, destacou Ruta, citando o Plano de Logística Sustentável da UFRJ (PLS), no qual, segundo ela, o Fórum contribuiu de maneira significativa, por meio de iniciativas como troca de lâmpadas, equipamentos, observação dos consumos de energia e água, entre outras iniciativas.
A pró-Reitora de Extensão Ivana Bentes destacou que o objetivo da UFRJ é a onipresença e que a extensão universitária é uma forma disso acontecer. Dos 39 projetos selecionados para receberem o selo ODS, 21 são ações de extensão. “A produção do conhecimento da UFRJ deve estar voltada para a transformação social, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Eles são estratégicos e vitais”, completou Ivana.
Vegetariana há 40 anos, Cássia disse estar emocionada pela realização do evento e enfatizou a necessidade de se desenvolver valores na universidade que levem em conta o coletivo e a união. “Precisamos, a cada dia, lembrar dos 17 ODS para que possamos ter uma sociedade melhor. Só assim deixaremos de ser um país tão pobre, mesmo com um potencial tão grande. É preciso mudar isso”, finalizou.
Presente no evento também de forma remota, a diretora do Instituto Selo Social Carina Giunco, reforçou a importância dos eventos locais para reconhecer as pessoas que fazem os projetos e torná-los mais integrados. Segundo ela, as inscrições feitas por diferentes projetos para a próxima edição do selo ODS já bateram o recorde.
Como Graciella enfatizou desde o início da cerimônia, a proposta é que fosse um evento colaborativo. Por isso, o Projeto Convivium, um dos ganhadores do selo, esteve presente no Coffee Break, com comidas e bebidas feitas pelos alunos do curso de gastronomia. Além disso, o evento também contou com uma dinâmica interativa entre os projetos, em que todos pegavam pulseiras coloridas respectivas de cada ODS que representasse o seu projeto e depois discutiam qual deles poderia mais representá-los em conjunto.
Para o professor de Ecologia da UFRJ e curador do Museu do Amanhã, Fabio Scarano, as diferentes fragmentações que existem na sociedade entre o social, o racional e o emocional impactam negativamente o meio ambiente como um todo, incluindo ela própria. Scarano reforçou a necessidade de agir coletivamente e englobar a ciência e os saberes tradicionais, por exemplo, para que seja possível pensar em um futuro sustentável e inclusivo. “Isso é não deixar que o nosso presente colonize o nosso futuro”, disse o professor.
Sob supervisão do jornalista Sidney Rodrigues Coutinho.