Foto: Agência UFRJ de Notícias |
Franco Carnavale, PhD, professor da McGill University |
Teve início nesta quinta-feira, dia 4 de outubro, o II Congresso Brasileiro de Enfermagem Pediátrica e Neonatal. O evento reúne em seus três dias de duração, profissionais da área de enfermagem para palestras, conferências e mesas redondas. A sessão de abertura foi realizada no auditório “Quinhentão” do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ) e contou com a fala dos coordenadores e de dirigentes da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN/UFRJ).
A conferência de abertura foi ministrada pelo Franco Carnavale, PhD, professor da McGill University School of Nursing e enfermeiro-chefe do Montreal Children’s Hospital no Canadá. Em sua palestra, o professor expôs o sistema canadense de saúde e enfermagem. A explanação, em inglês, contou com a tradução simultânea de Ivone Evangelista, professora da Escola de Enfermagem e coordenadora do evento.
O professor explica que para se pensar sistema de saúde deve-se primeiramente considerar o sistema de governo de um país. O Canadá criou em 1984, a Lei de Saúde do Canadá, que estabelece critérios e condições de saúde segurados nos padrões nacionais, quais províncias devem atingir para receber contribuições em dinheiro transferidas do governo federal integralmente. Através desta lei, todo o sistema de saúde passou a ser de administração pública, ficando proibida a existência de hospitais ou centros de saúde particulares.
– As províncias, que são como os estados do Brasil, são as únicas responsáveis por prover os recursos e o atendimento em saúde. A Lei de Saúde também prevê a Universalidade de cobertura, garantindo que 100% dos serviços médicos e hospitalares e de atendimento do profissional médico sejam cobertos. Os serviços variam de uma província para outra, mas os planos devem oferecer acessibilidade razoável aos serviços sem exclusões ou impedimentos -, disse Franco Carnavale.
O professor explica que a atividade de enfermagem no Canadá é muito bem regulada, tendo leis que estabelecem os limites de atuação entre o médico e enfermeiro e delimitam o que este pode ou não fazer. Há também um código de ética bem elaborado que dá todo o suporte necessário para a atividade de enfermagem.
Apesar de, em tese, o sistema de saúde funcionar perfeitamente, ainda há muitos problemas na área de enfermagem a serem resolvidos. Um dos principais problemas é a inexistência de um programa especial de formação de enfermeiros pediatras. O professor considera este um erro grave, pois o tipo de tratamento dado a crianças e adolescentes deve ser diferenciado.
– Além disto, discordo completamente, por exemplo, da política de obrigatoriedade à hora extra dos enfermeiros no Canadá, que é um verdadeiro abuso aos direitos humanos. Mas se fosse apontar um principal problema, apontaria a inexperiência. A profissão requer muito tempo para se tornar um expert. Os enfermeiros experientes estão se aposentando e o que vemos é uma grande perda de pessoal qualificado e a chegada de muitos profissionais inexperientes, recém formados. Se fizermos uma breve pesquisa, toda enfermeira no Canadá responderá que o principal problema na área de enfermagem é a falta de profissionais, o que pode ser por vezes irônico de se dizer aqui no Brasil, uma vez que dispomos de um número bem maior de enfermeiros por pacientes”, acrescentou o professor.
Após a conferência, houve a apresentação da banda do Centro Educacional Pequena Cruzada, uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, que abriga meninas carentes entre 5 e 14 anos, em regime de internato e semi-internato.