Vivemos um verdadeiro frenesi na comunicação. A questão ambiental como nunca antes é pauta de destaque na grande mídia e tema de debates por todo o mundo, numa sociedade alarmada pelas já visíveis mudanças climáticas. São buscadas alternativas para geração de energia de forma renovável e sustentável, assim como mecanismos para otimizar sua utilização. Neste propósito a UFRJ não fica para trás e realiza esta semana o III UFRJ Ambientável, o encontro de estudantes de Engenharia Ambiental, que tem o tema como centro de discussão.
O evento é realizado anualmente e traz na edição deste ano uma série de palestras e mesas para discutir meio ambiente, energia e desenvolvimento sustentável. A cerimônia de abertura do encontro contou com a presença de Walter Suemitsu, decano do Centro de Tecnologia (CT/UFRJ); Eduardo Serra, vice-diretor da Escola Politécnica; e Camilo Michalka, Coordenador do curso de Engenharia Ambiental da UFRJ.
– É com muita alegria que vejo a primeira turma do curso e os alunos mais novos no esforço de continuar o UFRJ Ambientável, pois este evento é fundamental para o aprendizado de vocês, assim como tem sido pra mim desde que assumi a coordenação deste curso -, disse o professor Camilo Michalka, no início da cerimônia de abertura.
O curso de Engenharia Ambiental é relativamente novo na Universidade e tem previsão de formar sua primeira turma no próximo ano.
– Este curso foi criado como uma resposta para atender uma grande demanda da sociedade em receber profissionais que possam atuar nesta área que se tornou de grande interesse não somente do Brasil como de todo o planeta. Encontros como este têm se tornado constantes dentro das universidades, e por muitas vezes considerados repetitivos, na velha idéia de ‘chover no molhado’. No entanto, é importante perceber que a abordagem desse tema nunca é demais, pois a questão do meio ambiente torna-se cada vez mais central na dinâmica da sociedade -, ressaltou Eduardo Serra.
Panorama Atual das Mudanças Climáticas: Relatório do IPCC
A primeira palestra do dia foi ministrada pelo professor Luiz Pinguelli, Diretor do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (COPPE/UFRJ) e membro integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Estabelecido para fornecer informações científicas, técnicas e sócio-econômicas relevantes para o entendimento das mudanças climáticas, o IPCC apresenta regularmente relatórios à ONU evidenciando os impactos potenciais e opções de mitigação dos problemas relativos ao clima.
Luiz Pinguelli explica que iniciativas como o IPCC não são novas e vem sendo tomadas desde o início dos anos 90. Ressaltou a importância do Protocolo de Quioto, datado de 1997, que estabeleceu cotas de emissão de carbono para os países desenvolvidos. O professor lamenta o fato de a maioria dos países estarem distantes de cumprir com o acordo, tendo apresentado pouca diminuição nas emissões, assim como a saída dos EUA e China, dois entre os maiores poluidores mundiais que recusaram o protocolo com a desculpa de entrave econômico.
– O grande problema são os paises desenvolvidos que não estão diminuindo sua emissões como determina o protocolo de Quioto, e principalmente os países em desenvolvimento que vêm aumentando suas emissões em enormes quantidades para sustentar o crescimento econômico, que segue o padrão dos países desenvolvidos. Não se percebe que as mudanças climáticas devem estar acima disto tudo, pois é uma questão literalmente vital -, afirmou.
Em seguida, o professor apresentou uma série de projetos da COPPE/UFRJ na área de meio ambiente e geração de energia renovável. Entre eles destacam-se principalmente o sistema de geração de energia elétrica através da força das ondas do mar e o uso de esgoto sanitário como biodiesel.