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UFRJ é embaixadora da África para a ciência 

Acordo pioneiro busca soluções para problemas comuns entre o Brasil e a África 

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) assinou, na última quinta-feira, 25/4, um acordo de cooperação acadêmica com a Associação de Universidades Africanas (AAU). A parceria marca, ao menos em parte, um processo que busca reparação histórica do Brasil com o povo africano por meio do intercâmbio de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). “É uma oportunidade de o Brasil se encontrar com a sua história e consigo mesmo”, afirmou o superintendente de Relações Internacionais da UFRJ Papa Matar. Em construção desde 2021, o acordo pioneiro no continente latino vai promover a transferência de tecnologia com mais de 400 universidades africanas. 

A cerimônia de assinatura contou com a presença do Cônsul Geral de Angola no Brasil, Mateus de Sá Miranda Neto, do secretário geral da Associação de Universidades Africanas (AUA), Olusola Bandele Oyewole, de órgãos ligados à diversidade racial da Universidade e de agências de fomento federais, como a Capes. 

O acordo prevê o desenvolvimento de pesquisas em conjunto, financiamento de estudos e capacitação acadêmica para a resolução de problemas que o Brasil e países da África enfrentam nas áreas de sustentabilidade, segurança alimentar, infraestrutura, energia e saúde pública. O documento também estabelece a UFRJ como sede da Embaixada da Ciência Africana para a América Latina. O secretário geral da AUA, professor nigeriano Olusola Oyewole, reconheceu a importância de parcerias estratégicas para o rompimento com o passado colonizado. “Hoje, a África está mudando. Precisamos da mudança para o desenvolvimento; e a educação de qualidade é o principal elemento para o nosso futuro”.

Segundo o reitor Roberto Medronho, as relações com o “sul global” são fundamentais na luta contra as mazelas sociais. “É uma honra contribuir para o avanço da CT&I e da educação superior na África”, afirmou. O reitor ainda destacou a dívida histórica que o Brasil tem com os países africanos por causa da escravização de pessoas negras. O passado de violência também foi lembrado pelo diretor do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (Neabi) Wallace de Moraes. Portugal reconheceu, na última terça-feira, 23/4, a culpa do país pela escravidão e genocídio durante o período colonial. Para Wallace, a assinatura do acordo é um grande passo diante da história brasileira. “É algo digno de entrar para a história desta Universidade”, enfatizou.

Fortalecendo o combate ao racismo, a parceria vai ao encontro das ações da Superintendência-Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade (Sgaada). “Nosso papel é criar um ambiente antirracista onde todos e todas têm um lugar nesta Universidade”, afirmou a professora Denise Góes, superintendente da Sgaada. O decano do Centro de Tecnologia, Walter Suemitsu, comentou a importância das cotas raciais para maior equidade entre os alunos e destacou a necessidade de mais professores negros na UFRJ. 


Já o Cônsul angolano Mateus de Sá Miranda Neto destacou o papel das universidades na busca por soluções para a transformação do bem-estar social. Para isso, o diretor do Parque Tecnológico da UFRJ, Romildo Toledo Filho, enfatizou a necessidade de fomento contínuo à pesquisa. Representantes da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) também estiveram presentes no evento e afirmaram o compromisso com a colaboração entre universidades brasileiras e africanas.  A cerimônia também contou com a participação de estudantes africanos e uma palestra sobre inclusão social e responsabilidade empresarial.