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Segundo dia de debates entre candidatos à Reitoria da UFRJ foi no Centro Multidisciplinar de Macaé

Encontro durou aproximadamente duas horas e contou com a participação de cerca de 120 pessoas no auditório

Atualizado às 11h19 de 14/4/2023

Ontem (12/4), os candidatos à Reitoria se reuniram no Campus Multidisciplinar de Macaé para o segundo dia de debate eleitoral. As chapas concorrentes nas eleições para os cargos de reitor e vice-reitora são:

  • a chapa 10 – UFRJ para Todos: Autonomia, Inclusão e Inovação, com os candidatos Roberto Medronho (reitor) e Cássia Turci (vice-reitora); e
  • a chapa 20 – Redesenhando a UFRJ: Democracia, Autonomia e Diversidade, com os candidatos Vantuil Pereira (reitor) e Katya Gualter (vice-reitora).

Confira na íntegra o programa de gestão de cada chapa

O encontro durou aproximadamente duas horas e contou com a participação de cerca de 120 pessoas no auditório e mais de 300 espectadores da transmissão pelo canal oficial da UFRJ no YouTube:

No primeiro bloco, as chapas apresentaram seu programa de trabalho. Por sorteio, a Comissão Coordenadora da Pesquisa (CCP) determinou que a chapa 20 iniciasse o debate e as oportunidades de fala seguiram em alternância até o fim do evento. 

A professora Katya Gualter introduziu a apresentação: “nós vamos começar falando dos nossos eixos, a hélice sobre a qual nós construímos o nosso programa da chapa 20: democracia, autonomia e diversidade. Nós completamos dez anos das ações afirmativas e estamos construindo uma universidade mais plural, até de pensar no sentido da palavra ‘universidade’ e passar a pensar na ‘pluriversidade’. Temos uma universidade mais preta, mais indígena, com mais pessoas com deficiência e precisamos, também, garantir o investimento em mais corpos trangêneros no acesso, mas também definir políticas de permanência para que esses corpos, essa diversidade, possa, com qualidade, se manter na Universidade, egressar, se inserir nos programas de pós-graduação e no mercado de trabalho. Então, pensar que essa diversidade, hoje, já sai do discurso e vai efetivamente para o desencadeamento de ações que a levam a ocupar espaços de protagonismo no nível da formação universitária.” 

Ela ressaltou, ainda: “falar dessa diversidade é falar, também, da necessidade que temos, apesar de setores como a Dirac se empenharem e reunirem esforços e competências para que tenhamos um atendimento e uma resposta a nossos estudantes com deficiência, precisamos criar espaços de interação com o nosso Complexo de Formação de Professores, com nosso fórum de estudantes – que precisa ser instituído e já está previsto no nosso estatuto –, para que possamos definir uma política de acessibilidade, porque ainda não temos. Por isso, pensando na perspectiva de levar a diversidade a ocupar, a caminhar por espaços de protagonismos, ou seja, onde a circularidade é soberana no sentido de que todas as pessoas são protagonistas. Pretendemos fazer isso a partir de fóruns permanentes, plenárias permanentes com discentes, com docentes e técnicos-administrativos”.

Vantuil Pereira e Katya Gualter são candidatos a reitor e a vice-reitora pela chapa 20 – Redesenhando a UFRJ | Foto: Fábio Caffé (SGCOM/UFRJ)

O professor Vantuil Pereira complementou: “é preciso radicalizar a nossa democracia a partir de um pressuposto. Primeiro, uma reforma do nosso Conselho Universitário que inclua plenamente Duque de Caxias e Macaé. Inclua no sentido da plena participação desses campi nos espaços do Consuni, CEG e CEPG com plena representação. É preciso dar a Macaé um espaço de poder na representação nas pró-reitorias. E, nesse sentido, já começo dizendo que nós teremos, na nossa Reitoria, um pró-reitor de Extensão de Macaé. Entendemos que é fundamental a presença de Macaé nos espaços de poder e não apenas como um partícipe de um projeto de Universidade, mas como um partícipe com relações de poder. Pensar democracia é também pensar no diálogo com os estudantes e com os técnicos-administrativos. Dessa forma, é fundamental que criemos uma plenária de audição, de diálogo com os estudantes, que tenha o sentido de diminuir as tensões e de sermos capazes de ouvi-los. É fundamental adotar um conjunto de políticas para aplicar aquilo que a Constituição Federal expressa nas consultas populares e nos referendos para os grandes temas da nossa instituição”. E concluiu: “defendemos o orçamento público, o fundo público como instrumento de financiamento da nossa instituição. Assim, entendemos que iniciativas de caráter privatizante devem ser recusadas pela instituição. Entendemos que o fundo público é o mecanismo pelo qual a nossa Universidade, inclusive sustentada no nosso PDI, possa garantir um ensino de qualidade, laico, socialmente referenciado naquilo que Katya apontou de diversidade.”

Depois, foi a vez da chapa 10 apresentar seu programa de trabalho. 

O professor Roberto Medronho iniciou sua fala: “Uma coisa muito importante dos nossos eixos é a autonomia, a inclusão – nós precisamos ter uma universidade mais inclusiva, que tenha mais afeto e mais acolhida à grande diversidade que existe na nossa sociedade. E, também, mais inovadora”. Seguiu: “nós temos, no nosso programa, um eixo específico para Macaé e Duque de Caxias, porque conhecemos essa realidade de longa data. A crise do curso de Medicina em 2012 foi muito presente na minha gestão como diretor da Faculdade de Medicina. Conseguimos superar essa crise e hoje o curso de Medicina do Centro Disciplinar tem a mesma nota do curso do campus Fundão. As carências de Macaé, seja no Centro Multidisciplinar, seja no Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (Nupem), são muito grandes. Sabemos das dificuldades orçamentárias, da situação de pessoal, mas a infraestrutura é crítica. Temos laboratórios de excelência, programas de pós-graduação de alto nível, e os pesquisadores e os professores, muitas vezes, dão aula em lugares que precisam ter maior investimento. Acreditamos que, no nosso programa, temos propostas muito concretas para isso. Porque não adianta sermos contra isso ou contra aquilo, nós precisamos ter propostas para que possamos ter efetivamente uma UFRJ para todos, todas e todes, que é o nome da nossa chapa”.

Roberto Medronho e Cássia Turci são candidatos a reitor e a vice-reitora pela chapa 10 – UFRJ para Todos | Foto: Fábio Caffé (SGCOM/UFRJ)

A professora Cássia Turci complementou: “sabemos da dificuldade que é ter toda a infraestrutura que precisamos em todos os cursos que temos aqui hoje. Essa questão passa pela infraestrutura de salas de aula, de laboratórios, de pesquisa, de laboratório de ensino, restaurantes universitários, residências estudantis, acessibilidade – que é muito precária em todos os campi – e também precisamos investir muito na questão do acolhimento dos estudantes, dos servidores técnico-administrativos em educação, dos nossos docentes e cuidar também dos nossos funcionários terceirizados. É uma luta que temos para toda a Universidade”.

No segundo bloco, os candidatos comentaram sobre as suas propostas para quatro temas relevantes para a UFRJ, decididos por sorteio. 

O primeiro tema sorteado foi “Políticas antirracistas e enfrentamento às violências de gênero, raça, assédio e demais opressões”.

Representando a chapa 10, Roberto Medronho comentou: “somos plenamente favoráveis. Temos uma sociedade ainda que falta muito para ser civilizada. O marco civilizatório ainda não chegou na sociedade. Precisamos ter políticas claras de enfrentamento de toda forma de racismo, discriminação e homofobia, transfobia”. E continuou: “o decreto 11.443 que o presidente Lula assinou em 21/3/2023, que no seu §1º, Art. 3º propõe que até o dia 31/12/2025, os cargos comissionados às funções gratificadas sejam ocupadas pela população negra será implementado na nossa UFRJ. Precisamos dar voz, dar poder, para que essas pessoas possam trazer a nós e nos ensinar, por meio de suas vivências, como essa sociedade precisa operar”. Para finalizar, disse: “não podemos viver com nenhum tipo de violência, como a de gênero. Por isso saudamos a atual Reitoria por ter criado a Ouvidoria da Mulher. Nós temos que combater fortemente o assédio. Temos a obrigação de erradicar todas as formas de assédio na nossa Universidade. Precisamos ter essa responsabilidade e assim o faremos. Enfrentaremos com políticas claras antirracistas contra a discriminação de gênero, contra o assédio moral, o assédio sexual, todas as formas de violência verbal, física e política.

Segundo debate aconteceu no campus Macaé | Foto: Fábio Caffé (SGCOM/UFRJ)

E, representando a chapa 20, Katya Gualter afirmou: “com relação às políticas antirracistas, temos alguns movimentos na própria UFRJ já institucionalizados, como a Câmara de Políticas Raciais, com a Comissão de Heteroidentificação. Essa é uma política ligada aos programas de graduação que precisa ser aperfeiçoada e receber investimentos. Temos, também, já institucionalizada, a criação do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da UFRJ (Neabi), e temos o Coletivo de Docentes Negros e Negras. Além dos outros vários coletivos negros na UFRJ, inclusive organizados por estudantes. Precisamos nos aproximar desses coletivos e também dos de pessoas com deficiência e de pessoas trans, para ouvir, ampliar a escuta das suas demandas para, junto com eles, construir políticas antidiscriminatórias. Com relação às violências de gênero, temos um projeto no Centro de Referência da Mulher (CRM), na UFRJ, que atende a 12 mil habitantes e quatro mil domicílios, um projeto multidisciplinar com o objetivo de tornar plena a vida de mulheres que sofrem violência doméstica e que estão em situação de vulnerabilidade. É um projeto multidisciplinar que envolve a Faculdade de Educação, a Psicologia, a Dança e nós temos indícios de que esse trabalho de fato consegue fazer com que essas mulheres tenham uma vida mais plena e com coragem para enfrentar o seu cotidiano de sofrimento”.

Vantuil Pereira continuou: “ainda relacionado a essa questão, precisamos ser transversais, ou seja, atingir uma política dos servidores técnico-administrativos, docentes e estudantes. Entendemos, também, que a aplicação do decreto citado pelo professor Medronho tem que começar agora. Na atual Reitoria e na atual gestão. No dia 2 de julho, iremos aplicar essa política com a indicação de, pelo menos, um pró-reitor negro em uma pró-reitoria significativa de área acadêmica. Também é preciso aplicar políticas de enfrentamento ao racismo para o currículo, para que enfrentemos as questões de Direitos Humanos, como também de enfrentamento ao sexismo e ao capacitismo. É necessário, também, a implantação plena do Neabi, que foi criado mas não tem sequer uma sala no Fórum de Ciência e Cultura. Por fim, é fundamental aplicar uma demanda da Câmara de Políticas Raciais e do Coletivo de Docentes Negros da Superintendência de Políticas Raciais no sentido prático da nossa ação”. 

Em seguida, os candidatos também discorreram sobre os seguintes temas sorteados: “Políticas de Pesquisa e de Ensino de Pós-Graduação”; “Políticas voltadas para o Campus Duque de Caxias Professor Geraldo Cidade − UFRJ, Centro Multidisciplinar UFRJ − Macaé e Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade Nupem/UFRJ” e “Políticas para as Unidades de Saúde”.

No terceiro bloco, os candidatos debateram sobre temas de escolha livre, com a participação de cada categoria (discente, docente e técnico-administrativo em educação).

Debate foi também transmitido ao vivo no canal da UFRJ no YouTube | Foto: Fábio Caffé (SGCOM/UFRJ)

A primeira pergunta sorteada foi a de um docente: “Como os candidatos à Reitoria sabem, os cursos na área de tecnologia foram implantados em Macaé sem o mínimo de infraestrutura para laboratórios nos ciclos básicos profissionais. Frente à escassez de espaço físico no Centro Multidisciplinar, como vocês pretendem contribuir para vencer este gargalo que tanto impacta na formação de nossos egressos em Engenharia? Estamos falando de laboratórios de ensino, pois, para pesquisa, nos parece um sonho ainda distante”.

O candidato Roberto Medronho respondeu: “inicialmente, é um absurdo os equipamentos que foram montados de forma provisória para acolher o curso de Engenharia e nunca termos tido uma edificação definitiva. E alguns deles estão em uma situação precária. Precisamos ter esta atenção. Acreditamos que, com a recomposição orçamentária, isso poderá ter uma mudança vertiginosa. Não só isso: nós precisamos captar recursos em todos os ministérios e com a Petrobrás, com todas as entidades que podem contribuir com a educação e com a pesquisa. Nós precisamos estar abertos para isso e trabalhar com a sociedade para resolver esse problema, pois esses profissionais darão conta de melhores avanços na área tecnológica aqui na nossa cidade e no nosso país. Fiquei estupefato com essa situação que encontrei aqui, depois de tanto tempo. Precisamos mudar radicalmente”.

E o candidato Vantuil Pereira respondeu: “é preciso fazer uma interação da PR-2 com Macaé, no sentido de implementarmos aquilo que diz respeito à pós-graduação e o conjunto de laboratórios de ensino e pesquisa, e garantir essa política institucional nossa – é uma política institucional da UFRJ a equipagem de Macaé, do laboratório citado. É uma questão que também nos suscita pensar justamente o que foi a execução do Reuni, e não só na questão de ampliação de vagas. O texto diz que houve uma expansão e o laboratório não foi feito. É preciso avaliar o Reuni. Sou filho do Reuni e o defendo, mas é preciso fazer uma crítica a ele. Não precisamos ter medo de criticar. E aqui está apontado claramente por Macaé que ele não foi executado. Logo, o nosso compromisso é fazer com que a PR-2 busque editais, acompanhe o processo da pós-graduação e acompanhe, no caso o ensino, com uma política séria, clara, de garantir que em um curto e médio prazo esse laboratório passe a funcionar. Nosso fundamento é o diálogo com a decania do centro de Macaé para que possamos começar a resolver essa questão. Falar em edital, nisso e aquilo, não resolve. Quero dialogar com os colegas de forma que possamos, rápida e imediatamente, iniciar esse processo de estruturação do laboratório”.

No quarto bloco, os candidatos fizeram uma pergunta para seus concorrentes e deixaram as suas considerações finais. 

Em suas considerações, Roberto Medronho declarou: “a primeira questão fundamental é ter a escuta e o acolhimento aos estudantes, priorizar a assistência estudantil. Não pode um aluno que passou nesta Universidade sair por questões socioeconômicas. Precisamos ter um RU e um alojamento para os alunos de Macaé, servir café da manhã e ter bolsa para todos”. Ele acrescentou: “outra questão que é muito cara para nós é a busca de recompor orçamento, mas não só isso, precisamos procurar a Petrobrás, o Ministério da Saúde, para aportar recursos à nossa área da saúde, que vai incluir Macaé. Não só do MEC, o Ministério do Meio Ambiente vai ajudar nossos institutos, nosso Nupem. Não precisamos ficar só no MEC”.

E, em suas considerações, Vantuil Pereira declarou: “eu queria encerrar nosso debate apresentando a perspectiva de um diálogo aberto e solidário de dois afrodescendentes. A chapa 20 pretende trazer uma perspectiva civilizatória. Esta Universidade tem 103 (sic) anos e nunca teve um reitor negro, nem candidato. É preciso ter uma pedagogia civilizatória. Não adianta denunciar racismo e encobri-lo, não adianta denunciar o assédio e se conformar sem enfrentá-lo, como se fosse um problema terceirizado, do outro. É preciso ter uma convivência ampla que garanta o diálogo com o CCS, com o CT, CCMN, CCJE, CFCH, Macaé, Duque de Caxias, Fórum de Ciência e Cultura. Um diálogo aberto, que não seja de um rdiretor de uma unidade, de um centro, mas de um conjunto da UFRJ. É preciso defender a perspectiva de uma mudança estrutural na nossa instituição”.

Professores que lideram as chapas posaram para foto | Foto: Fábio Caffé (SGCOM/UFRJ)

Próximos debates

Confira datas, horários e locais dos debates. 

Acompanhe o especial Eleições UFRJ 2023 e fique por dentro do processo de sucessão da Reitoria da maior universidade federal do país.

*Sob supervisão do jornalista Victor França.