Categorias
Pelo Campus Sociedade

Acessibilidade: inclusão pelas palavras

Guia de Vocabulário e Atitudes Inclusivas pode ajudar pessoas com deficiência

De acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 12 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência. Esse número equivale a cerca de 6,7% da população recenseada nesse mesmo ano. Da mesma forma, dados coletados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) apontam que, de 1998 até 2012, o número de pessoas com deficiência (PcD) nos ambientes escolares e universitários aumentou 143% e 438%, respectivamente. Mas como realmente incluir essas pessoas no dia a dia dos espaços educacionais?

O desconhecimento e a reprodução de estereótipos são os principais causadores de atitudes pejorativas e excludentes que, muitas vezes, se iniciam pela fala. Expressões como “inválido”, “retardado”, “surdo-mudo”, “deficiente” e outras foram muito utilizadas ao longo dos anos para se referir a pessoas com diferentes deficiências. Hoje, entende-se que esses termos são considerados inadequados e podem causar segregação, mesmo quando usados por quem tem como objetivo incluir.

A fim de trazer informações acerca da linguagem mais apropriada para se referir às pessoas com deficiência, a Comissão Permanente Acessível e Inclusiva (CPAI) do Centro UFRJ-Macaé lançou, em agosto, um guia de Vocabulário e Atitudes Inclusivas. O objetivo é que todo o corpo social universitário tenha conhecimento, de forma atualizada, dos termos que são social e culturalmente mais aceitos dentro do tema.

Para a presidente da CPAI, Uliana Pontes, existem lacunas entre o que é praticado pelas pessoas dentro da Universidade e o vocabulário utilizado. Segundo ela, no Centro UFRJ-Macaé, por exemplo, existe um grande movimento de inclusão da pessoa com deficiência, de uma maneira geral. No entanto, a professora acredita que, da mesma maneira que há um interesse em incluir, há também uma falta de conhecimento, que pode atrapalhar esse propósito.

“O vocabulário, o discurso é algo transformador e inclusivo. É algo que traz a discussão também das práticas que não são agregadoras. Nós percebemos que, quando falamos do vocabulário para quem já tem uma atitude inclusiva, é só um complemento. Para quem não tem, é uma forma de a gente sensibilizar essas pessoas para um comportamento mais equânime, inclusivo e acolhedor”, explicou Uliana.

Foto de pessoas pulando Carnaval. Em primeiro plano, uma menina em uma cadeira de rodas sorri. Ela veste blusa vermelha, shorts brancos e chapéu vermelho com detalhes dourados e faixas coloridas. À sua volta, foliões fantasiados aproveitam a festa.
A CPAI busca aumentar a inclusão de pessoas com deficiência no Centro UFRJ-Macaé. | Foto: Fábio Caffé (Coordcom/UFRJ)

Desde 2018, a Comissão é uma instância permanente que representa docentes, estudantes e técnicos-administrativos com deficiência. Além disso, a CPAI conta com integrantes no Fórum Permanente UFRJ Acessível e Inclusiva e participa de ações em parceria com a Diretoria de Acessibilidade (Dirac) da Universidade. A Comissão também realiza mapeamentos, cursos de formação continuada e de capacitação em parceria com a prefeitura de Macaé, entre outros. O intuito principal é ajudar o corpo docente, principalmente, a saber lidar com as diferenças e necessidades que as pessoas com deficiência apresentam, de maneira que elas possam ser incluídas e participem das atividades acadêmicas com igualdade de oportunidades e condições.

Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência

Desde 1982, movimentos sociais definiram o dia 21/9 como o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, mas apenas em 2005 a data foi oficializada pelo governo brasileiro, a partir da Lei 11.133. Celebrada em conjunto com o Dia da Árvore e às vésperas do início da primavera, a efeméride busca mostrar a renovação do movimento e fortalecer a inclusão dessas pessoas.

Para Uliana, o fato de uma pessoa ter uma deficiência não a torna menos capaz do que as demais pessoas, desde que ela tenha assistência, cuidado, estímulo e acolhimento adequados para aquela deficiência. “Esse dia vem colocar isso em voga: que as pessoas com deficiência estudam, namoram, trabalham, assistem a séries, tomam sorvete, ficam entediadas, se aborrecem, tais como as demais pessoas. É importante dar essa visibilidade e mostrar os diversos lados”, defendeu ela.

Para celebrar a data, no dia 22/9, a Faculdade de Medicina realizará o I Encontro da Faculdade de Medicina sobre acessibilidade, direitos humanos e inclusão do aluno com deficiência, das 17h às 21h. Para se inscrever, até o dia 21/9, clique abaixo.

https://eventos.ufrj.br/evento/i-encontro-da-faculdade-de-medicina-sobre-acessibilidade-direitos-humanos-e-inclusao-do-aluno-com-deficiencia/