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UFRJ discute política de saúde da população negra

Debate sobre o tema foi iniciado na universidade, em 2006, e retomado durante a 10ª Siac


Fotos: Ana Marina Coutinho (Coordcom/UFRJ)

A 10ª Semana de Integração Acadêmica (Siac) trouxe no dia 25/10 um debate sobre os “10 Anos de Invisibilidade da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra”. A mesa contou com estudantes da universidade integrantes de coletivos negros e foi mediada por Richarlls Martins. Entre os participantes estiveram Joyce da Silva (estudante de Enfermagem da UFRJ), Mykaella dos Anjos (Psicologia), Roberta Mariano (Medicina) e Thaila dos Santos (Nutrição).

Joyce da Silva apresentou a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, uma política do Sistema Único de Saúde (SUS) que completa uma década em 2019. Segundo Silva, a saúde da população negra baseia-se principalmente em três elementos – o enfrentamento do racismo na sociedade como um todo e no SUS, o respeito às religiões da cultura afro-brasileira e a atenção às doenças que acometem os negros em maior número. Segundo o Ministério da Saúde, o objetivo da política é promover a saúde da população negra de forma integral, priorizando a redução das desigualdades étnico-raciais e o combate ao racismo e à discriminação nas instituições e serviços do SUS. 

Antigas políticas públicas ainda geram efeitos na população negra 

Sobre a saúde mental, Mykaella dos Anjos relacionou o processo de branqueamento no Brasil – política de Estado pós-escravidão que, por meio de técnicas de atração de pessoas brancas europeias, promovia miscigenação – com a formação da subjetivação do povo negro. Segundo Anjos, o conhecimento de que o coletivo poderia – e pode – ser morto a qualquer momento contribui para o adoecimento mental desse grupo. Ela destaca que é importante pensar a questão psicológica não apenas no âmbito individual, mas como uma questão própria da sociedade.


UFRJ é pioneira no debate

Já Roberta Mariano trouxe a reflexão sobre os motivos que fazem a população negra ser mais acometida por certas doenças. Para ela, a relação se dá graças à vulnerabilidade social, individual e programática a que esse grupo está exposto. As doenças que são listadas pela Política Nacional de Saúde como as mais comuns entre a população negra são a anemia falciforme, a diabetes melito (tipo II), a deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase e a hipertensão arterial.

A segurança alimentar também foi discutida na mesa, com o recorte racial voltado para a população negra. Para Thaila dos Santos, “muito se fala sobre educação nutricional, sobre balancear a alimentação, mas nada disso adianta se a pessoa não tem acesso ao alimento porque não é economicamente viável. Não adianta só pensar em educação, é muito mais que isso. São politicas públicas”.

Richarlls Martins, mediador da mesa, lembra que o “Seminário Nacional de Saúde da População Negra” – que deu início à política nacional do SUS – aconteceu na UFRJ, em 2004. “É muito significativo ter esse debate na casa que iniciou todo o processo”, conclui.

A Semana de Integração Acadêmica, que também abrange a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, aconteceu na UFRJ entre os dias 21 e 27/10.