Categorias
Memória

Estudo de riscos cardiovasculares em adolescentes alcança 12 mil jovens e anuncia nova etapa

Projeto coordenado pela UFRJ vai iniciar coleta de dados em Santa Catarina, Goiás, Maranhão, Pará e Distrito Federal. O objetivo é avaliar 75 mil adolescentes para investigar a frequência de diabetes mellitus e obesidade, entre outros fatores de risco cardiovascular em jovens.

Projeto coordenado pela UFRJ vai iniciar coleta de dados em Santa Catarina, Goiás, Maranhão, Pará e Distrito Federal. O objetivo é avaliar 75 mil adolescentes para investigar a frequência de diabetes mellitus e obesidade, entre outros fatores de risco cardiovascular em jovens.

Por Marina Cruz 

Coordenado por pesquisadores do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ (Iesc), o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica) alcançou, em julho, a marca de 12 mil jovens avaliados.

Trata-se de um estudo multicêntrico nacional com foco na saúde dos jovens de 12 a 17 anos, que pretende traçar o perfil de risco para doenças cardiovasculares nessa população.

De acordo com a professora Katia Bloch, coordenadora executiva do estudo, o projeto desenvolvido em escolas públicas e particulares vem tendo boa recepção. Os 12 mil adolescentes avaliados representam 80% do número total de alunos convidados a participar dos exames até agora, no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul.

A coleta de dados, iniciada neste ano, foi planejada durante 3 anos e testada em um estudo piloto em 2012, no Rio, Cuiabá (MT), Feira de Santana (BA), Campinas e Botucatu, em São Paulo.

Serão avaliados estudantes de 1.251 escolas, em 124 cidades brasileiras com mais de cem mil habitantes, incluindo todas as capitais. Em uma subamostra de 40 mil alunos, serão realizados, além do questionário e das medidas de peso, medidas da circunferência da cintura e pressão arterial e exame de sangue para avaliação dos lipídios, da glicose e de marcadores do metabolismo glicídico (insulina e hemoglobina glicada), que permitirão avaliar a frequência da síndrome metabólica e de alterações precursoras do diabetes.

Segundo Katia, os resultados obtidos pelo Erica, ao construir um panorama da saúde dos jovens brasileiros, poderão ajudar na reorientação de políticas públicas de educação e saúde. Também contribuirão para a realização de estudos futuros através da determinação de padrões nacionais para algumas características físicas dessa população.

O estudo também tem um papel importante ao estabelecer uma rede de pesquisa entre instituições de todo o país, integrando pesquisadores e possibilitando a qualificação de recursos humanos, através dos programas de pós-graduação, além de estimular o debate sobre a saúde e a pesquisa científica na escola. Por isso, a colaboração da comunidade escolar é fundamental para a realização do projeto.

O Erica tem apoio das sociedades brasileiras de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), de Diabetes (SBD), de Pediatria (SBP) e do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj). No Rio, além da UFRJ, pesquisadores da Uerj, do Instituto Nacional de Cardiologia e da Fiocruz participam da coordenação executiva.

Inovação na coleta de dados

Assim como em outros estudos, um coletor eletrônico de dados, cedido pelo IBGE, vem sendo utilizado para que os estudantes respondam a um questionário de cerca de cem questões, com duração média de 20 minutos. Diferentemente de outros levantamentos, no entanto, estão sendo utilizadas imagens no coletor eletrônico, e o sistema permite a digitação direta das medidas antropométricas e de pressão arterial usando regras para evitar erros de digitação e fazer a classificação da pressão arterial.

O sistema de informação do Erica permite a integração de diferentes conjuntos de dados às informações dos questionários, medidas e resultados laboratoriais, tais como o questionário dos responsáveis, o cadastro de escolas e o recordatório alimentar de 24 horas.

Além disso, um sistema de agendamento eletrônico das coletas permite acompanhar o avanço do estudo em cada estado. Essas estratégias permitiram a redução de custos com utilização e transporte de papéis e a agilização do controle de qualidade dos dados.

A realização de exame de sangue em larga escala, com análise de sangue centralizada, é outro desafio que vem sendo bem sucedido no estudo.

Os participantes recebem os resultados dos exames em até um mês após a coleta dos dados e podem consultar, na página do Erica (www.erica.ufrj.br), os valores de referência para exames laboratoriais e medidas de massa corporal e pressão arterial.

Aqueles que apresentarem nos exames resultados que indiquem problemas como obesidade, pressão arterial elevada ou outras alterações metabólicas recebem indicação para buscar acompanhamento médico.

A análise da associação dos fatores de risco com características demográficas, socioeconômicas e comportamentais permitirá a identificação de grupos com maior risco de ter doença cardiovascular na idade adulta. O estudo terá representatividade nacional, regional e nas capitais.