Com a proximidade do Carnaval, a equipe de jornalistas da Praia Vermelha procurou obter informações a respeito da festa pagã de raízes religiosas. A matéria, em três partes, abordará a história, a confrontação entre passado/presente e a capitalização do evento, sob a perspectiva da professora Helenise Guimarães, vice-diretora da Escola de Belas Artes (EBA)

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Professora da UFRJ fala sobre as origens do Carnaval

Com a proximidade do Carnaval, a equipe de jornalistas da Praia Vermelha procurou obter informações a respeito da festa pagã de raízes religiosas. A matéria, em três partes, abordará a história, a confrontação entre passado/presente e a capitalização do evento, sob a perspectiva da professora Helenise Guimarães, vice-diretora da Escola de Belas Artes (EBA)

Com a proximidade do Carnaval, a equipe de jornalistas da Praia Vermelha procurou obter informações a respeito da festa pagã de raízes religiosas. A matéria, dividida em três partes, abordará, entre outros temas, a história, a confrontação entre passado/presente e a capitalização do evento, sob a perspectiva da professora Helenise Guimarães, vice-diretora da Escola de Belas Artes (EBA) da UFRJ.

Segundo a docente, que também é jurada dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro no quesito alegorias e adereços, as origens da festa carnavalesca podem ser encontradas nos ritos agrários da Grécia Antiga, nas festas e celebrações da Roma Antiga, chamadas de Saturnais, geralmente relacionadas aos rituais ligados à mudança das estações.

Na Idade Média, a Igreja Católica localizava o período nos três dias que antecedem à quaresma, denominando assim o carne vale (latim) ou "adeus à carne", período de prazeres e liberdade que antecedia ao jejum da quaresma. Já no Renascimento, este período agregava também os bailes de máscaras e outros festejos, sendo que na Europa as regiões tinham festejos diferenciados para o carnaval. Na Península Ibérica, sobretudo Portugal, o “entrudo” era a prática em que as pessoas atiravam dejetos umas nas outras, como urina e fezes, em verdadeiras batalhas campais.

Sobre o Brasil, Helenise diz que o “entrudo”, trazido pela metrópole, foi a primeira manifestação carnavalesca de que se tem registro. Durou até o primeiro terço do século XX, sempre com repressão policial. “Outros modelos europeus foram adotados, principalmente no Rio de Janeiro, tais como os bailes de máscaras e os desfiles de carros, chamados de `corsos`, em que as belas jovens da sociedade se fantasiavam e jogavam flores durante o trajeto”, completou.

Na primeira metade do século XX, afirmam-se simultaneamente várias manifestações: corsos, batalhas de flores, bailes em teatros e hotéis, desfiles de grandes sociedades, desfiles de ranchos carnavalescos, blocos, cordões, blocos de sujo e escolas de samba.

A professora explicou que as escolas de samba agregaram elementos característicos de outras manifestações: a porta-bandeira e o mestre sala, os carros alegóricos e a formação em cortejo. “O elemento em comum a estas manifestações era a competição, estimulada pelos concursos elaborados pela prefeitura do Rio de Janeiro, que, assim, incitava também a rivalidade entre os grupos e a busca por melhores performances, elementos que ainda hoje caracterizam os desfiles”, concluiu Helenise.