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Autoria e resistência são debatidas na Semana dos Realizadores

O segundo dia de debates da “3ª Semana dos Realizadores” abordou o tema do artista e das formas de resistência diante da estética dominante. A discussão contou com a presença dos cineastas Adirley Queirós, André Sampaio, Edgard Navarro e Ricardo Miranda. Eles são, respectivamente, autores dos filmes A cidade é uma só?, Strovengah – todos os olhos, O homem que não dormia e Djalioh.

Os participantes convergiram para a ideia de que, com relação à arte, a resistência passa pelo conceito de etnografia. Para produzir um filme fora dos padrões dominantes, “é necessário estar inteirado sobre o ambiente do outro, daquele ou daquilo que é estranho à maioria”, explicou Navarro.

Além disso, segundo Sampaio, no Brasil a resistência passa pelo fato de  o cinema ser feito com poucos recursos. “Muito dinheiro nem sempre é sinônimo de qualidade, é possível fazer bons filmes com pouca grana”, disse. Para ele, trabalhar com cinema vai muito além. “Toda produção torna-se um desafio. Temos que gostar muito do que fazemos.”

Outra questão suscitada no evento foi sobre a demanda de cada gênero fílmico. ”Para quem se quer comunicar?”, questionou Adirley. Segundo o cineasta, assim como as peças publicitárias, as obras cinematográficas têm um público-alvo. “Quando se trata de filmes que fogem aos padrões hollywoodianos, este público deve ser minuciosamente estudado”, completou.

O debate finalizou com Adirley citando a escultura “O Pensador”, do escultor francês Auguste Rodin. Ele fez uma analogia com a própria resistência, lembrando que esta, mais do que uma questão ética e estética, trata-se de um tema antológico.