João Antonio de Paula, pró-reitor de Extensão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), abriu, na última segunda (23/05), as atividades do II Workshop de História do Pensamento Econômico Brasileiro. Realizado pelo Laboratório de Estudos Marxistas (Lema), vinculado ao Instituto de Economia (IE) da UFRJ, o evento acontece até esta terça (24) na Casa da Ciência da UFRJ.
Discorrendo sobre diferentes estilos de economia política, o docente ministrou uma palestra acerca da história da economia mundial: das grandes navegações à recente crise econômica mundial. Segundo De Paula, no caso do Brasil, houve falta de um interesse mais efetivo por parte dos governos em resolver as questões econômicas. “Se o país não deu certo no sentido financeiro não foi por falta de repertório, de propostas. O problema sempre foi quem manda e como manda. Falta-nos vontade política para construir uma sociedade que destrua a pobreza e a desigualdade”, afirmou o economista mineiro.
Em seguida, formando a primeira mesa de discussão, a professora Ângela Ganem (IE-UFRJ) falou sobre os fatores mais importantes da relação entre história e pensamento econômico no Brasil, tendo como referencial o período da ditadura militar, de 1964 a 1985. Além da docente, compuseram a mesa Hélio de Lena Júnior (UFRJ) e Vitor Gomes (UFF), historiadores de formação e pesquisadores do Lema-IE-UFRJ.
Segundo Gomes, é importante romper com a tradição e deixar de analisar as semelhanças entre a ditadura no Brasil e em outros países da América Latina. “Em 1964, há uma mudança de paradigma: os militares passam a ser gestores da política brasileira. Ao contrário de outras ditaduras, no Brasil, houve vários líderes, o que pode ter contribuído para a longevidade do período ditatorial. Os atos institucionais, 17 no total, davam uma roupagem política ao regime”, explicou Gomes.
Ganem, De Paula e Gomes são autores de capítulos de livro organizado pela professora Maria Malta, coordenadora do Lema. Intitulada Ecos do desenvolvimento- uma historia do pensamento econômico brasileiro, a obra deverá ser publicada até o fim do ano pela Editora Contraponto, em parceria com o Centro Celso Furtado.