Semana de aniversário de 162 anos da Escola de Música terá também "I Simpósio Internacional de Musicologia da UFRJ".

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Memória

Ópera no aniversário da Escola de Música

Semana de aniversário de 162 anos da Escola de Música terá também "I Simpósio Internacional de Musicologia da UFRJ".

A semana de aniversário de 162 anos da Escola de Música, entre 9 a 13 de agosto, não só terá intensa programação musical como também será acompanhada pelo I Simpósio Internacional de Musicologia da UFRJ, cujo tema será a atualidade da Ópera. “É a primeira vez que ocorre um evento de natureza científica junto com a programação musical propriamente dita”, disse a professora e organizadora do evento, Maria Alice Volpe, referindo-se aos eventos de comemoração do aniversário da primeira escola de música do Brasil.

Durante todos os dias da semana comemorativa haverá, sempre às 18h30, a apresentação de cantores e instrumentistas que mantêm a ópera viva no imaginário musical contemporâneo. A inauguração dos shows será feita pela ganhadora do terceiro lugar do Concurso Nacional de Canto Lírico/Ópera e aluna do bacharelado em canto da EM, Maíra Lautert, junto com a Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ). Ao longo da semana também haverá música às 12h30, no hall da EM-UFRJ. Toda a programação de shows está detalhada no site da Escola de Música.

O Simpósio Internacional de Musicologia, por sua vez, terá das 11h às 12h30 de todos os dias a exposição dos processos criativos de artistas vinculados ou não à UFRJ. Esses artistas têm o mérito de adequar a ópera às novas tendências musicais, produzindo estilos inovadores.

As tardes dessa semana começarão com conferências de acadêmicos de todo o mundo apresentando suas pesquisas, das 14h às 15h. Na segunda-feira, Mário Vieira de Carvalho, professor da Universidade de Nova Lisboa e ex-ministro da Cultura de Portugal, fala sobre a ópera na história e na atualidade a partir de uma perspectiva sociológica. No dia seguinte, Annibale Cetrangolo da Universidade Ca’Foscari, de Veneza, conta a história da “viagem da ópera ao Rio da Prata em tempo de migração”. A Universidade de Cambridge, com toda a sua proeminência, será representada na quarta-feira por Benjamin Walton falando sobre a ópera no início do século XIX. A ópera e a Bahia tem, ao contrário do que você possa estar pensando, alguma relação. Quem contará essa história, na quinta-feira, é Ilza Nogueira, da Universidade Federal da Paraíba. As conferências serão encerradas com o pesquisador da Universidade de Chicago, Philipp Gossett, falando sobre a ópera italiana do século XIX em arquivos fora da Itália.

Das 15h30 às 17h30 o público poderá ver mesas redondas discutindo os mais diversos temas relacionados à ópera. No dia 9, o tema é "Ópera na América Portuguesa", em seguida "Ópera em Transição", "Estilo e Recepção", “Geografia da Ópera no Brasil” e, na sexta-feira, “Estudos de manuscritos e edição”. A programação da sexta-feira também terá, das 17h às 18h30, uma mesa redonda sobre a “Atualidade da ópera no Brasil”, que contará com jornalistas brasileiros como João Luiz Sampaio do Estadão, Luiz Paulo Horta (a confirmar) do Jornal O Globo e Heloísa Fischer, que comenta música clássica nas rádios MEC FM do Rio de Janeiro e CBN e é editora-chefe da VivaMúsica! Edições. Veja todo o programa do simpósio.

O encerramento musical às 18h30 do dia 13, data exata da fundação da EM, ficará por conta do conjunto instrumental formado por Eduardo Monteiro (flauta), Flávio Augusto (piano), Felipe Prazeres (violino), Ivan Zandonade (viola) e Mateus Ceccato (violoncelo), que vai executar peças de Chopin, Carlos Gomes, Paul Taffanel e Henri Mouton, com base em temas de óperas e encerrando com trechos de O barbeiro de Sevilha, de Rossini.

Por que Ópera?

Maria Alice Volpe, presidente das comissões organizadora e científica do "I Simpósio Internacional de Musicologia", explica que a escolha por tratar de ópera durante essa semana advém de um crescente número de inovações no campo da musicologia que estão associados ao estilo. Parte daí a conexão da música, especificamente a ópera, com várias outras disciplinas como a Sociologia, a História e até a Antropologia. Essa interdisciplinaridade poderá ser vista nas conferências e mesas de discussão do simpósio.

O coordenador do Programa de Pós-Graduação da EM, Marcos Nogueira, que também compõe as comissões organizadora e científica, completa explicando: “há alguns anos estamos vendo a revalorização dos musicais, por exemplo. Musicais são mais teatro e ópera é mais música, mas, ainda assim, são gêneros que se aproximam muito.” Ele também lembra que o Rio de Janeiro tem uma relação muito próxima com a ópera. Prova disso são registros de que em 1870, cerca de 60 óperas foram montadas na cidade. “Era praticamente um programa de domingo”, diz ele.

Quando se trata do futuro da ópera como forma de entreter, tanto Maria Alice Volpe, quanto Marcos Nogueira concordam que o principal problema está ligado a recursos financeiros para a produção de espetáculos. Nogueira prevê o surgimento de espetáculos com menos opulência que as óperas tradicionais, que também sejam mais baratos e atraiam um público tão grande quanto o que prestigiou o Concurso Nacional de Canto Lírico/Ópera no final de maio deste ano.

Os desafios da EM aos 162 anos

Quando perguntado sobre os desafios que a Escola de Música enfrenta ao chegar ao seu 162º aniversário, Nogueira cita, inicialmente, a renovação curricular, adequando a EM às demandas por novos tipos de formação musical. Exemplo de que isso vem sendo feito é a turma de bandolim que teve início em 2010. “Outros cursos que começam a surgir ,agora em função das novas tecnologias e interesses do público atual, vão demandar uma nova elaboração de currículos para atender a esses nichos de mercado. Isso é sempre um grande desafio para uma instituição como essa”, completa ele. A recuperação das instalações físicas da escola também foi mencionada pelo coordenador da pós-graduação.

A integração da pesquisa em música com a prática musical, mostrando que essas duas áreas não são distintas e, sim, complementares é mais um desafio, segundo Maria Alice Volpe. A professora afirma ainda que integrar a musicologia brasileira à musicologia internacional também é um objetivo da EM. Para ela, iniciativas como o simpósio cumprem esse papel.