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Memória

Seminário festeja 30 anos do mestrado do Instituto de Economia

O Instituto de Economia da UFRJ (IE) comemorou os 30 anos do surgimento do Programa de Mestrado com um seminário sobre o ensino da economia heterodoxa numa universidade pública federal, realizado na segunda-feira (23/11) no auditório Pedro Calmon, do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. No debate, houve a discussão sobre o futuro da instituição, sua formação cultural e as linhas de pesquisa.

A professora emérita do IE Maria da Conceição Tavares recebeu homenagens pela contribuição que deu para a formação do curso de pós-graduação, um dos mais importantes do país. Tavares foi a responsável por trazer os professores da Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia), fundar a Faculdade de Economia e Administração (FEA) e abrir concursos para a entrada de novos professores, o que deu origem à pós-graduação na UFRJ. Hoje, o IE é a unidade da UFRJ responsável pelo ensino, pesquisa e estudos avançados em Ciências Econômicas.

Heterodoxia em pauta

Pensar o futuro e perceber o presente foram os focos do evento. Houve agradecimentos às heranças do passado, mas sempre com a noção de que escolas econômicas caem, emergem e nascem a todo o momento. Uma habilidade fundamental para o economista é estar em consonância com o tempo para que ele não caia na teoria pura, sem aplicação.

O professor Fernando Cardim, do Instituto de Economia Industrial, relatou uma experiência pessoal, quando há alguns anos um aluno teria pedido orientação para a tese de mestrado, sob o tema “Conceitos de incerteza na economia”. Cardim revelou que o rapaz, inteligente, conseguira agrupar 16 conceitos, 14 dos quais não faziam a menor diferença na ordem prática. Filosofia pura. E brincou: “Não sei se consegui fazer com que ele mudasse de tema, mas certamente de orientador”. Por isso, o professor do IE considera a abordagem de pontos de vista menos “clássicos” (ortodoxa) muito positiva, mas faz ressalvas para que o programa continue a produzir bons frutos.

Trata-se de “dois princípios que qualquer programa de economia deveria ter”, mas principalmente os heterodoxos: definir o que é heterodoxia e recusá-la quando for escolhida por falta de opção. O primeiro caso é de ordem prática. Precisa-se escolher a especificidade do estudo, uma vez que a faculdade possibilita trabalhar com temas variados. Um dos maiores orgulhos do Instituto é ter corpo docente de visão pluralista. Graças a isso, é possível desenvolver linhas de pesquisas variadas que vão desde Economia da Energia à História Econômica. No entanto, “não há como cobrir nem uma pequena parcela do todo”, destacou Cardim.

Já o segundo princípio é uma dor de cabeça ainda maior para os responsáveis pelas pesquisas. Para o professor, existem pessoas com um pensamento simplista de que, se o “normal” não deu certo, deve-se transformar em heterodoxo. “O curso deve tomar cuidado para saber do que se trata e que a escolha seja absolutamente consciente, e não se dê por default”, alertou.