Em 1919, Mario Savard Saint Brisson, primeiro cônsul brasileiro na Índia, fez diversas fotos estereoscópicas do país. De Calcutá até o Himalaia, Brisson retratou com a técnica o povo e a cultura indianos. Agora, uma mostra desse trabalho está exposta na Feira Indiana, que acontece até sexta-feira (15/8), no hall do Centro de Tecnologia da Universidade Federal Rio de Janeiro (UFRJ), como parte do evento Índia em Foco.
O trabalho apresentado é parte da exposição Saint Brisson Estereoscopista, que ocorreu durante o mês de julho no Centro de Visitantes do Jardim Botânico. A mostra trazia fotos estereoscópicas tiradas em 15 países visitados pelo cônsul entre os anos de 1911 e 1938. Para a feira, foram selecionadas somente aquelas referentes à Índia.
A estereoscopia é uma das técnicas mais antigas de ver registros e desenhos em terceira dimensão. O método é simples. Duas fotografias sobre um mesmo assunto, tiradas a partir de pontos de vistas diferentes, ao serem vistas juntas formam uma imagem tridimensional, adquirindo profundidade e relevo. O mais difícil é observar as imagens de modo que cada olho veja a imagem que lhe é destinada.
“O importante é relaxar e procurar o foco certo. Os óculos utilizados para visualização dos estereogramas são artesanais; por isso, fica um pouco mais difícil de enxergar a foto. Eles são usados para exposições, porque são muitos e podem atender a um número maior de pessoas”, explicou Lílian Manso, responsável pelo estande da mostra na feira.
Outro equipamento presente na exposição é o Taxiphone, aparelho de visualização de fotos estereoscópicas criado por Jules Richard há 110 anos, na França. “Por ser mais elaborado, ele permite uma observação muito melhor, mas só atende uma pessoa por vez”, acrescenta Lílian.
A feira conta ainda com um estande de Mehandi, técnica milenar indiana de decoração corporal com o uso de henna. A arte vai além da beleza e da vaidade feminina. “Essa técnica é muito tradicional na Índia. Está sempre presente nos chamados rituais de passagem da mulher, como o casamento e a gravidez”, contou Rosana Araújo, única praticante de Mehandi no Brasil.
“No oitavo mês de gestação, por exemplo, a mulher é pintada com símbolos tradicionais e auspiciosos para trazer proteção e benção ao bebê”, explica a artista. A henna possui propriedades terapêuticas e relaxantes; por isso, é utilizada pelos indianos antes de momentos importantes para atrair bons fluidos e tranquilidade.
A decoração com henna também possui inúmeras vantagens em relação às tatuagens permanentes. Além de não existir perfuração, o desenho é temporário (dura de cinco a 15 dias), a aplicação é mais higiênica, a substância utilizada não é tóxica e pode ser usada em crianças e grávidas. A única restrição é para pessoas que possuem alergia a naftalina, substância encontrada na composição da henna.
Os visitantes da Feira Indiana também poderão ter acesso a roupas, essências, CDs de músicas, fazer consultas de quiromancia pela técnica indiana e despertar todos os sentidos ao descobrir um pouco mais sobre esse país do continente asiático.