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Comissão de Biossegurança discute o fumo no CCS

A Comissão de Biossegurança do CCS-UFRJ trouxe na quarta-feira, 03/06, o médico Alberto José Araújo, chefe do NETT-HUCFF, para apresentar alguns dados sobre o fumo.

 A Comissão de Biossegurança do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ) trouxe na quarta-feira, 03/06, o médico Alberto José Araújo, chefe do Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo (NETT), para apresentar alguns dados sobre o fumo. A palestra foi uma prévia da I Jornada de Controle do Tabagismo e Promoção da Saúde no CCS, que acontece hoje (04/06).

Durante a abertura do evento, a professora Sônia Soares, presidente da Comissão de Biossegurança do CCS, comentou que esta é a primeira vez em que o fumo é posto em pauta no CCS. “Dentro da ótica de manejo da situação do prédio do CCS, a Comissão de Biossegurança planejou a proposta de informar a todos os membros da comunidade do Centro as possibilidades que temos de conduzir uma condição de trabalho mais agradável”, comentou.

Após a abertura, o professor Alberto José Araújo relembrou que nos primeiros anos do CCS, quando não existia legislação que regulasse o fumo, não era habitual fumar dentro do prédio. “Havia uma política muito forte de não se fumar em sala de aula. Hoje, a cultura do tabagismo tomou conta de ambientes que seriam incompatíveis. Afora os riscos de incêndio”, comentou o palestrante.

De acordo com o professor, o cigarro não é danoso somente para o fumante, mas também para as pessoas que o cercam. “Hoje a gente considera que existam três tipos de tabagismo: o de primeira mão, o fumante propriamente dito; o de segunda mão, pessoas que inalam a fumaça do cigarro dos fumantes; e o tabagismo de terceira mão, que são as pessoas que inalam as partículas do cigarro depositadas na mobília do ambiente”, explicou Alberto José.

Durante sua palestra, o professor observou que as pessoas se apoiam nas exceções para continuar fumando. “Muitas pessoas dizem: ‘Ah, mas eu tenho vovô de 90 anos, no norte de Minas, que fuma e não tem doença nenhuma.’ Mas ele não tem a vida estressada que nós temos na cidade. Além disso, essa é a exceção à regra. Quantas pessoas que fumam já chegaram aos 90 anos? A regra é a pessoa adoecer”, comentou.

Segundo Alberto Araújo, o tabagismo é considerado uma doença, mesmo que a pessoa não tenha apresentado problema respiratório, vascular ou cardíaco. “O tabagismo não é mais considerado hábito e nem vício, mesmo porque o vício é visto popularmente como um comportamento que a pessoa fosse responsável por ter e o deixasse na hora que quisesse. Mas a dependência mais difícil de largar é a do cigarro. Eu atendo gente que já largou cocaína, maconha, álcool, mas não consegue largar o cigarro”, disse o professor.

Os dados apresentados por Alberto durante a palestra mostram que o Brasil é o sétimo país em número de fumantes ativos do mundo. “Para cada fumante ativo nós temos dois fumantes passivos. Em geral os passivos são a mulher e a criança, e isso pode ser considerado uma violência”, comentou.

Ao fim da palestra o professor opinou que para combater o cigarro é preciso uma lei que respeite as liberdades individuais, mas que seja firme e sirva para todos. “Nós não vamos ajudar a pessoa a parar de fumar com uma lei libertina que permita fumar em todos os lugares, mas também não podemos arrancar o cigarro da boca das pessoas”, concluiu ele.