A Rocinha, uma das maiores favelas da América Latina, foi tema do trabalho A Memória sobre a Favela da Rocinha no Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro, apresentado nesta sexta, dia 7, por Amanda Martins de Brito, aluna de História do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ (IFCS). O estudo, que analisa a construção da memória da região, através de documentos oficiais obtidos no Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro, faz parte do projeto maior A Favela da Rocinha, um espaço de vulnerabilidade social, organizado pelo professor Silvio de Almeida Carvalho Filho.
Em sua pesquisa, Amanda analisou três documentos referentes ao projeto de canalização da vala principal da Rocinha na década de 80, quando Júlio Coutinho era o prefeito nomeado da cidade. Levando em consideração o contexto histórico e político de produção desses relatórios, a aluna buscou evidenciar o controle da prefeitura sobre a construção da memória urbana. Segundo ela, a leitura desses documentos demonstra que a memória desta área, claramente desfavorecida de recursos públicos, é mantida e controlada pelo poder municipal segundo seus interesses.
A obra de saneamento realizada pela prefeitura em 1980 foi vista pela imprensa e pela população como um importante progresso nas políticas públicas referentes às favelas, pois teria promovido muitas melhorias de infra-estrutura. Porém, a aluna tentou demonstrar que tais relatórios, fontes de memória, apenas apontam as soluções encontradas pelo governo, sem apresentar a realidade de abandono da Rocinha.
“É interessante para a prefeitura guardar documentos que marcam a sua atuação positiva. A memória oficial sobre aquela região é a memória que interessa ao poder passar sobre sua atuação”, concluiu a aluna.
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