Agora o Canal do Cunha virou uma questão nacional. Não é mais um problema do Rio de Janeiro. É um problema do país. Portanto, eu espero brevemente que essas obras comecem." Essa declaração foi feita pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, quando participou da cerimônia de posse da nova diretoria da Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla), no início de junho.
A fim de dar voz a essa questão, ambientalistas discutem no próximo dia 2 de agosto o "Seminário popular sobre a despoluição do Canal do Cunha e a preservação da Serra da Misericórdia – Baía de Guanabara controle social e participação cidadã". O evento acontece no auditório no subsolo do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, na ilha da Cidade Universitária, no campus do Fundão.
O evento que começa às 9h30 e tem previsão de término para as 17h aborda as várias maneiras de tratar a despoluição do canal. E para isso, conta com o apoio da SINTUFRJ e organização de diversas entidades, como a ONG Verdejar, a Prefeitura da UFRJ, o Centro de Cultura da Maré e o Fórum Social de Manguinhos, entre outras.
A discussão é uma conquista para a Associação de Moradores da Vila Residencial (Amavila) da UFRJ, que se localiza nas proximidades do canal. A Amavila intensificou sua luta em 2000, após as águas do canal terem invadido as residências; acontecimento bastante intensificado pela poluição. A união entre a Associação e o meio ambientalista Sérgio Ricardo – integrante da ONG Verdejar, uma das organizadoras do seminário – aumentou a força da associação, o que não garantiu sua participação nas obras de despoluição.
Para Vera Valente, membro do Conselho Diretor da Amavila, é importante a participação da associação, para que se possa estar a par da possibilidade de inclusão de projetos de infra-estrutura e saneamento básico para os moradores da Vila Residencial. "É importante que exista um projeto de saneamento básico que contemple a região. Não adianta despoluir sem saneamento básico, já que a população da Vila Residencial, em torno de duas mil pessoas, também é responsável por parte da poluição, porque utiliza o canal para descarte de seus dejetos", disse ela.
As obras de recuperação do Canal do Cunha, financiadas pela Petrobrás, foram orçadas inicialmente em R$ 40 milhões e hoje já chegam a R$ 300 milhões. O canal do Fundão e o Canal do Cunha encontram-se assoreados e poluídos, impedindo a circulação das águas da baía. Serão dragados e desassoreados cerca de 6,5 quilômetros de extensão dos canais. Uma das preocupações dos ambientalistas é o grande volume de lama que se pretende retirar do canal, cerca de 10 milhões de metros cúbicos. Outra questão é com o cheiro que essa lama deixará, prejudicando a qualidade do ar para os moradores da vila, funcionários e estudantes da UFRJ. Esses itens serão levantados no próximo sábado durante a apresentação do seminário popular.