Começou nesta segunda-feira, dia 19 de maio, o Fórum Internacional: Novos Paradigmas para a Integração Latino-americana, promovido pela Associação Cultural José Marti (ACJM) em conjunto com a UFRJ no Salão Pedro Calmon do Campus da Praia Vermelha (Avenida Pasteur, 250, Urca).">Começou nesta segunda-feira, dia 19 de maio, o Fórum Internacional: Novos Paradigmas para a Integração Latino-americana, promovido pela Associação Cultural José Marti (ACJM) em conjunto com a UFRJ no Salão Pedro Calmon do Campus da Praia Vermelha (Avenida Pasteur, 250, Urca).">
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Fórum de integração latino-americana e socialismo reúne autoridades internacionais

Começou nesta segunda-feira, dia 19 de maio, o Fórum Internacional: Novos Paradigmas para a Integração Latino-americana, promovido pela Associação Cultural José Marti (ACJM) em conjunto com a UFRJ no Salão Pedro Calmon do Campus da Praia Vermelha (Avenida Pasteur, 250, Urca).

 Começou nesta segunda-feira, dia 19 de maio, o Fórum Internacional: Novos Paradigmas para a Integração Latino-americana, promovido pela Associação Cultural José Marti (ACJM) em conjunto com a UFRJ no Salão Pedro Calmon do Campus da Praia Vermelha (Avenida Pasteur, 250, Urca).

 O evento, que têm Oscar Niemeyer como seu presidente de honra, reúne autoridades de países da América Latina para discutir propostas de cooperação entre si e debater os problemas da sociedade atual sob a ótica da esquerda socialista e é integrado a XVI Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba.

A mesa de abertura foi composta pela diretora da ACJM, Zuleide Faria de Melo, pelo vice-diretor da ACJM, Jorge Carpio del Solar, e pelo diretor da Fundação Universitária José Bonifácio e Professor de Matemática Aplicada da UFRJ, Raymundo de Oliveira. “A Associação trabalha com um produto imaterial que não pode ser colocado no mercado – e nem queremos que seja posto lá – a solidariedade. É vital mudar a forma como convivemos com o mundo”, declarou a diretora após saudar os presentes.

— Não conseguimos promover a solidariedade necessária com nossos recursos, mas só a possível. É preciso trabalhar para mudar essa realidade -, destaca o vice-diretor da organização.

Escassez de recursos energéticos

Raymundo de Oliveira expôs a apresentação “A Energia como Fator de Integração da América Latina”, que abriu o debate.  O professor citou diversas inovações tecnológicas como uma forma de ressaltar a elevada velocidade do que ele chamou de “Revolução Tecnológica”. De acordo com ele, 80% dos utensílios que usamos foi criado após a II Guerra Mundial.

Mas, para o palestrante, esses avanços foram acompanhados de uma crescente desigualdade na relação abundância e miséria e aumento na violência tanto dentro quanto entre países, o que ele relacionou com a falta de postos de trabalho. Ele também apontou como a sociedade em geral é dependente do petróleo, inclusive apontando produtos presentes no auditório, como roupas que pessoas usavam. Segundo ele, o consumo de petróleo chega 86 milhões por dia no mundo, o que é um absurdo para um recurso não-renovável e cada vez mais escasso. “Um dia sentiremos saudade dos dias de hoje, quando os barris do óleo custam cerca $130,00”, alerta.

— A produção do petróleo no mundo chegou a um pico e deve começar a despencar, a exemplo do que aconteceu nos Estados Unidos, que já foram o maior exportador da substância e que hoje são os maiores importadores dela. E isso, sem falar nos efeitos colaterais, como o derretimento das geleiras e o aumento do efeito estufa -, alegou o especialista.

Raymundo Oliveira também apontou o que para ele é a verdade que o político Al Gora não pôde mostrar. “A melhor forma de melhorar esse quadro não é só tomar conta do seu consumo pessoal, mas construir uma sociedade em que não haja tanta necessidade de desperdício”, afirmou.

O presidente da FUJB se preocupa com a possibilidade de que os EUA, ameaçados pelo seu problema de consumo, decidam mover suas tropas e esforços neo-imperialistas para a América Latina como uma forma de adquirir novos meios para sustentar seu modo de viver. Ele citou uma frase do vice-presidente Dick Cheney – “The American Way of life is not negotiable” (O modo americano de viver não pode ser negociado)

Outra discussão que o palestrante levantou foi a do impacto dos combustíveis alternativos no preço dos alimentos. “O etanol americano, baseado no milho, além de render menos do que o criado a partir da cana, compete com a gasolina, cujo preço está cada vez mais alto. Isso eleva o preço dos grãos. Mas o álcool brasileiro também é prejudicial nesse sentido, pois áreas dedicadas ao plantio de alimentos são substituídas por cana-de-açúcar”, destacou.

— A lógica do crescimento pela reprodução constante de modelos, posição capitalista, trouxe benefícios para a humanidade. Mas hoje o mundo é claramente finito, o que torna essa noção uma metástase, algo que se devora como única forma de se manter. O fim da economia do desperdício e a concentração do capital são essenciais para criar uma sociedade onde se consuma menos, o que pode melhorar nosso quadro, que ameaça acabar com a vida na Terra -, declarou o professor. 

De acordo com ele, a América Latina pode construir um modelo de crescimento diferenciado, baseado em formas mais limpas de energia e que cria produtos mais duradouros e não se baseia em uma relação somente comercial. “Uma integração cultural e de solidariedade”, completou Zuleide Faria. “Um outro mundo é possível”, disse o professor.

O palestrante terminou sua exposição e abriu para perguntas e comentários com o seguinte poema de Florbela Espanca:

“Há sonhos que ao enterrar-se, / levam dentro do caixão, / Bocados da nossa alma, / Pedaços de coração!”

O Fórum Internacional continua até quarta-feira, dia 21 de maio, no Campus da Praia Vermelha da UFRJ. A cobertura do evento pela Coordenadoria de Comunicação da UFRJ continua, aguarde atualizações nesta página e uma nova matéria sobre o encontro.