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Aberta a II Semana de Saúde Coletiva

 O Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ (IESC) deu início nessa segunda-feira, 26 de maio, à II Semana de Saúde Coletiva. Com o tema “Saúde Coletiva e Cidadania”, o evento conta com a presença de especialistas para debater assuntos como assédio moral, ética, saúde da população negra e dengue. A abertura ocorreu no Auditório Nobre do IESC e contou com a presença de Aloísio Teixeira, reitor da UFRJ, além de Lúcia Abelha, coordenadora da SESCO e Heloísa Pacheco-Ferreira, diretora do Instituto.

Durante a abertura, o reitor destacou a importância da existência de um espaço como o IESC. “Nesse processo de construção do IESC, fomos confirmando a importância de se ter na UFRJ um espaço acadêmico completo na área de Saúde Coletiva, que vá da Graduação até ao pós-doutoramento”, observou. Ele lembrou, ainda, que a vizinhança da Universidade já tem atores importantes no campo da Saúde Coletiva.

– Institutos como o Instituto de Medicina Social da UERJ e a Escola Nacional de Saúde Pública da FioCruz são centros importantes nessa área e isso nos coloca na necessidade de buscar construir uma identidade própria -, afirmou o reitor, ressaltando que é fundamental superar a herança recebida do período ditatorial, em que os ambientes de pesquisa foram criados dentro de um contexto de competição. “Apenas em um ambiente de cooperação e colaboração a ciência do Brasil pode realmente se desenvolver”, completou.

Saúde pública no Brasil: hospitais universitários

Aloísio Teixeira analisou, ainda, os problemas passados pela saúde pública brasileira, em particular a crise vivida por hospitais universitários. Segundo o reitor, embora a falta de recursos seja evidente, outros aspectos devem ser considerados. “Há um problema maior do que esse de natureza estrutural: a saúde tende a ser cada vez mais cara. Se olharmos no mundo inteiro os gastos em saúde veremos uma curva ascendente”, afirmou o professor.

Para Aloísio, a universalização do sistema de saúde em 1988 é um fator determinante para os problemas passados pelos Hospitais Universitários. “Com a criação do sistema universal, os hospitais universitários passam a integrar a rede SUS e em muitos lugares do país, o único hospital público que existe é um hospital universitário”, comentou o reitor. Apesar disso, ele não considera desistir da idéia de uma saúde universal uma opção. “A pior coisa seria recuar dessa idéia, que é uma idéia revolucionária e importante”, opinou.

Direito à saúde: para onde vamos?

Para ministrar a conferência inaugural, o convidado foi Luiz Facchini, vice-presidente da Associação Brasileira de Pós-graduação em Saúde Coletiva e professor da Universidade Federal de Pelotas. Durante palestra “Direito à saúde: para onde vamos?”, Facchini desenvolveu uma análise do sistema de saúde, em seus diversos aspectos.

O professor destacou a necessidade de se discutir o papel do Sistema Único de Saúde. “Levamos 20 anos para chegar aonde chegamos e, nesse momento, temos uma série de debates e fragilidades que nos deixam preocupados e em dúvida em relação aos rumos que o SUS pode seguir”, comentou.

Além de ser público e universal, o SUS se caracteriza por se desenvolver de maneira tripartide. Isso significa que o sistema é articulado entre as três esferas de gestão (federal, estadual e municipal). Nessa articulação, o município seria o executor, o estado, o responsável pela coordenação e implementação de políticas e o governo federal organiza o conjunto das ações de saúde no País.

A diversidade populacional, de acordo com o professor, é outra questão importante para ajudar a entender o sistema de saúde no Brasil. “Temos, não apenas uma diversidade conceitual e de gestão, que é essa característica tripartide, mas também outra estrutura que é a própria abordagem populacional, pela especificidade de gênero, etnia, procedência”, explicou Facchini e continuou: “Precisamos levar em conta o perfil da população, mas isso não deve ser razão para barreira de acesso ou obstrução de cuidado”, ressaltou.

O financiamento é também considerado pelo professor como um desafio. “O ‘para onde vamos’ depende em boa parte das condições que possamos conseguir, do financiamento mínimo necessário para viabilização do SUS”, avaliou. Além desse desafio, adequar o sistema às características demográficas, socioeconômicas e culturais também faz parte da discussão para se definir o rumo do Sistema Único de Saúde.

A II Semana de Saúde Coletiva conta ainda com diversas mesas redondas e oficinas, durante o dia todo. Está prevista, para o encerramento, dia 30, uma atividade cultural com Macu e Lulu – Violão Mágico, às 17h.