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Físico defende divulgação científica

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) recebeu na última quinta-feira, dia 1° de novembro, o físico Ildeu de Castro Moreira para a edição do Colóquio do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (Colóquio CCMN). Professor da UFRJ desde 1976, Ildeu de Castro ocupa atualmente o cargo de diretor do departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia, do Ministério de Ciência e Tecnologia, e falou sobre a “Divulgação Científica no Brasil”.

O professor acredita que a divulgação científica brasileira falha, antes de mais nada, no âmbito das escolas de ensino fundamental. Para ele, essa fase do aprendizado é de extrema importância para a formação do futuro profissional e vem sendo subestimada pelo poder público.

– É preciso pensarmos que todo cidadão tem o direito de ter conhecimento de ciência e a ninguém mais que o Governo cabe a tarefa de prover um serviço de informação científica de qualidade. Precisamos envolver mais a enorme massa de estudantes do ensino fundamental e do ensino médio -, ponderou o professor.

Ildeu de Castro afirma que um dos principais problemas na popularização da ciência está ligado à estrutura geral de administração do país, demasiadamente burocrática, muitas vezes dificultando o repasse de recursos para a realização de atividades de divulgação. As secretarias de educação dos Estados teriam, segundo ele, um excesso de tarefas e estruturas muito burocratizadas que dificultam uma maior integração com o sistema escolar.

O professor afirma, porém, que o Brasil vem presenciando avanços na área com um trabalho integrado com os maiores veículos de comunicação do país. As mídias são evidentemente importantíssimas neste processo e deveriam ser mais valorizadas e exploradas pelo Estado. O professor cita o exemplo de Roquette Pinto, o pioneiro do rádio no Brasil e considerado pai da radiodifusão no país, que já no início do século passado vislumbrava na nova tecnologia um poderoso instrumento para a educação. A primeira rádio do país, fundada por ele em 1923, a “Rádio Sociedade do Rio de Janeiro”, pertence hoje ao Ministério de Educação e Cultura (MEC).

Ildeu de Castro afirma que papel semelhante ao que Roquette Pinto exerceu no Brasil, Albert Einstein teve no cenário mundial. O “homem do século” voltou grande parte de sua atenção ao trabalho de divulgação científica, tendo escrito dezenas de textos.

– A divulgação científica tem se mostrado ao passar dos anos como um mecanismo de atrair jovens para a pesquisa. O próprio Einstein afirma que foi atraído para a ciência através de um livro de divulgação científica -, afirmou o professor.

O físico diz que um grande problema está na desvalorização acadêmica dos trabalhos de divulgação. Para ele, não se pode valorizar somente trabalhos e artigos destinados à comunidade científica, vendo-se necessária também a valorização curricular de livros ou textos de divulgação de pesquisas.

Ildeu de Castro afirma que os esforços do Ministério vêm surtindo efeitos, principalmente com a realização da Semana Nacional da Ciência e Tecnologia. Tendo ele próprio coordenado a 2° Semana, o professor informa que os resultados crescem a cada ano, atingindo cada vez mais estudantes.