
Tendo em vista seu conteúdo, crê a Reitoria que o nome da AdUFRJ-Seção Sindical foi ali utilizado indevidamente e sem o conhecimento da entidade representativa dos docentes da universidade. Considerando, contudo, que até esta data não houve quaisquer manifestações daquela Seção Sindical do ANDES-SN e dos outros signatários que retificasse a autoria do material divulgado, a Reitoria viu-se no dever de tomar a iniciativa de reproduzi-lo e difundi-lo eletronicamente, com as considerações seguintes:
São deploráveis e frustrantes o rebaixamento político, a deformação ideológica e as insinuações maliciosas perpetradas pelos conteúdos gráfico e textual do cartaz contra o processo de debate realizado e respeitosa e transparentemente conduzido pela reitoria na universidade.
Todos são testemunhas de que, com o estímulo da Reitoria, nossa instituição vem se envolvendo, intensamente, como protagonista, no debate a cerca do desafio de construção de um novo modelo acadêmico de ensino, pesquisa e extensão capaz de conduzi-la a novo estágio de sua missão histórica, em sintonia com a contemporaneidade e em benefício da sociedade brasileira.
Nesse ambiente de discussão livre, democrática, séria e profunda, têm se manifestado convergências e divergências a respeito de variados temas institucionais e acadêmicos de grande complexidade e de relevância estratégica para a reestruturação e atualização da UFRJ. Mesmo atravessado pela agenda política e eleitoral de parte dos movimentos organizados da comunidade – o que é compreensível e legítimo, desde que respeitadas as regras fundamentais do convívio societário e do ethos universitário – o debate, por ação da Reitoria e por vontade da maioria dos que dele vêm participando, tem-se mantido pautado exclusivamente pelos interesses acadêmicos da instituição.
É lastimável, portanto, que o esforço por mudanças, há décadas empreendido e acalentado por gerações de universitários – o qual, neste momento, já nem é mais apenas do reitor e da Reitoria, mas de toda a universidade – seja, assim, desqualificado com o amesquinhamento da discussão, com a substituição do debate sério de idéias pelo aviltamento irresponsável das posições discordantes e com a subordinação de um debate estratégico, de amplo alcance, a interesses restritos que se esgotam conjunturalmente.
Para que se implante, desenvolva e consolide, a transformação necessária da UFRJ precisa do envolvimento e da participação ampla de seus estudantes, técnico-administrativos e docentes. A coesão da comunidade – assegurados os espaços e processos para o dissenso – é, assim, fator decisivo para o avanço da instituição e requer tolerância e respeito pelas opiniões diferentes.
Os movimentos organizados da comunidade e suas entidades tiveram e têm papel fundamental nos processos que, ao longo da história, vêm com enorme esforço mudando lentamente a universidade pública brasileira. Originados da tradição de auto-organização autônoma dos trabalhadores, têm, por isso, laços profundos com os princípios mais essenciais da democracia e da ética; essas tomadas como valor fundamental para aqueles segmentos sociais identificados com a práxis coletiva. Por isso, devem ser respeitados e defendidos. Mais que isso, devem ser mantidos como instâncias efetivamente democráticas, representativas e rigorosamente compromissadas com a solidariedade e com o respeito pela pluralidade de idéias.
Por fim, reiteramos a convocação de todos para acompanhar a sessão extraordinária do Conselho Universitário do próximo dia 18 de outubro, quando estará em apreciação a proposta de resolução que institui o Programa de Reestruturação e Expansão da UFRJ.