Na Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica e Cultural, a polêmica esteve presente, alimentando as discussões acerca dos projetos apresentados pelos estudantes e bolsistas. Trabalhos falando de Síndrome de Down, Alcoólicos Anônimos e novas possibilidades no tratamento de doenças foram apresentados, gerando constantes debates acerca de usos e conceitos.
Assunto que invariavelmente cria gigantescas polêmicas por todo o mundo, o aborto, é o foco do trabalho de Jéssica da Silva Corrêa, que foi orientada pelos professores Ivani Bursztyn e Luiz Fernando Rangel Tura. Seu projeto chama-se Aborto: Um Problema da Saúde Pública.
Esta apresentação, segundo a autora, foi uma revisão de literatura do trabalho apresentado na Jornada Científica de 2006. Sua pesquisa baseia-se em um levantamento de dados sobre o aborto: estatísticas, países onde é legalizado, legalizado com restrições ou permitido somente em casos extremos (como no Brasil, no qual a prática só é permitida se a gravidez representar risco à vida da mãe ou se for resultado de estupro), causas e conseqüências psicológicas entre outros.
Estruturação do trabalho
Há quatro eixos fundamentais que norteiam a pesquisa. A magnitude do aborto e seu impacto global é o primeiro deles, que engloba estatísticas, características sócio-econômicas das mulheres, legislação em torno do aborto em todo o mundo. Especificamente, esta parte do trabalho consegue demonstrar que nações que vetam a prática têm a maior incidência de mortes e seqüelas graves nas mulheres (como infertilidade) que abortam.
O segundo eixo, das práticas contraceptivas, comprova que as mulheres conhecem os métodos contraceptivos, mas fazem má aplicação ou mau juízo a respeito deles, tornando-os ineficazes ou abolindo o uso. A redução de danos é outro eixo, no qual há sugestões para um aprimoramento das políticas abortivas, tornando a prática menos custosa ao Estado, que, devido às sanções que impõe à prática, desenvolve um contingente muito maior de mulheres prejudicadas por condições inferiores na qual realizaram o aborto. Por fim, a quarta premissa refere-se aos aspectos éticos do aborto, às “eternas discussões” entre os que defendem o aborto e os que o condenam.
Enfim, o trabalho conclui como a saúde pública precisa de políticas que discutam o aborto em um nível mais amplo, não restrito a apenas um destes eixos, mas analisando todos os dados, como estes explicitados na pesquisa.
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