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Pesquisa relaciona futebol e racismo no Brasil

 A XXIX Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Artística e Cultural movimentou a UFRJ entre os dias 09 e 11 de outubro. Houve diversas apresentações sobre os mais variados temas, espalhadas por toda a universidade.

A bolsista Juliana Ramos, do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ), sob orientação professor Victor Andrade de Melo, discutiu as representações do esporte nas obras de arte, fazendo um mapeamento destas manifestações e alimentando o banco de dados da pesquisa. Seu projeto chama-se Futebol e Racismo: A Construção da Representação de Arthur Friedenreich.

Segundo a estudante, o objetivo de seu trabalho é analisar a representação jogador de futebol mulato Fredenreich, filho de uma negra brasileira com um alemão. Este jogador se popularizou no esporte, embora, na época, o futebol fosse tipicamente praticado pela elite. Este sucesso soava paradoxal naquele contexto de proliferação das teorias raciais européias no Brasil, a tendência era o “embranquecimento” da população: a negação das manifestações culturais como a capoeira e o samba, negros alisando os cabelos. Tudo isto denotava uma pretensão da época de desconsiderar as características afro-brasileiras que existiam.

Arthur Friedenreich
Neste sentido, o grupo procurou entender se houve uma identificação da população brasileira (pobre e mestiça em sua maioria) com a figura de Fredenreich. A conclusão a que chegaram foi que esta manifestação não teve nenhum caráter de resistência à segregação racial que fez com que este personagem alcançasse tal fama, mas sim o acesso futebol permitido por seu sobrenome europeu e o convívio em uma colônia alemã. Ele era de fato um jogador habilidoso, e por isso tornou-se bem sucedido, mas a associação entre o sucesso de jogadores negros e identificação popular chegaria apenas mais tarde, com a ascensão de jogadores como Leônidas da Silva, conhecido como “Diamante Negro”, e Edson Arantes do Nascimento, o “Rei Pelé”.

Por fim, Juliana ainda ressaltou que esta pesquisa é o passo inicial para o desenvolvimento de um novo projeto – sua tese de mestrado –, desta vez comparando efetivamente Fredenreich a Leônidas e Pelé.

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