Há cerca de três anos, desde que Seu Hélio se mudou para a Vila Residencial da UFRJ, na Ilha da Fundão, a comunidade iniciou a construção de uma cooperativa de catadores de lixo. Hoje, coordenador dos catadores, o morador da Vila revela, em tom de brincadeira, um problema da cooperativa, ao falar sobre suas motivações. “A importância do nosso trabalho é o meio ambiente. Aqui a gente não ganha nada”, disse Seu Hélio.
Interessados em aprimorar as atividades da cooperativa, o Núcleo de Solidariedade Técnica (Soltec), da Escola Politécnica/UFRJ, o Laboratório de Instrumentação e Fotônica (LIF), o Laboratório de Fontes Alternativas de Energia (LAFAE) e o projeto “É a Vila”, do Centro Acadêmico do Instituto de Biologia, resolveram desenvolver o Projeto Uso Consciente de Resíduos (PRUCORE).
A proposta inicial de trabalho do PRUCORE é, primeiramente, mapear a cadeia produtiva de coleta de resíduos no campus, estudando o que é feito com o lixo na UFRJ. A seguir, o projeto pretende acompanhar o dia-a-dia dos catadores, para identificar as dificuldades encontradas.
“Um dos objetivos é o aumento de trabalho e de renda. Esta atividade pode render muito mais do que agora. Existe uma série de iniciativas como esta que dão certo, por que essa não? Existem dificuldades, e é isso que a gente quer mudar”, afirmou Elisa Chaves, estudante do 5° período de Engenharia Ambiental e que faz parte do Soltec.
Além da inclusão social, através da geração de trabalho e de renda, o PRUCORE visa outros pontos, o que explica a participação de tantas unidades no projeto. O “É a Vila” dá aulas de educação ambiental na Vila e já planejava desenvolver a coleta seletiva. Já o LAFAE se interessa no uso dos resíduos como fonte alternativa de energia. Para o LIF, seria a continuação do trabalho, uma vez que a cooperativa recolhe os resíduos descartados pelo laboratório.
Após conseguir o apoio da Associação de Moradores da Vila Residencial da UFRJ (AmaVila), agora o PRUCORE deseja se aproximar da Pró-reitoria de Extensão (PR-5), que desenvolve o Projeto de Inclusão Social da Vila Residencial.
“Tem uma relação muito grande entre o nosso projeto e o da PR-5. Estamos fazendo essa proposta e ainda vamos nos reunir, mas não vejo porque atuar separadamente, já que estudantes que fazem parte do PRUCORE também recebem bolsas da pró-reitoria de Extensão”, ponderou Elisa.
Visando essa aproximação, aconteceu na última sexta-feira, 19 de maio, o evento “Concepção de projeto e trocas de experiências solidárias”, no galpão da Associação de Moradores da Vila Residencial da UFRJ, que reuniu representantes de todas as unidades envolvidas no PRUCORE, da AmaVila e da PR-5.
“A importância do encontro foi consolidar esse trabalho conjunto da cooperativa com as unidades da universidade. Elas estão colaborando com a gente na questão da infra-estrutura”, destacou Marcello Cantizano, membro do conselho diretor da AmaVila.