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Livro discute rumos dos partidos políticos

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agencia2591T.JPGNo dia 12 de junho a partir das 20h, a Relume Dumará Editora e a Livraria Argumento convidam para o lançamento do livro Da outra margem do rio: os partidos políticos em busca da utopia, da cientista política Ingrid Sarti, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ciência Política-PPGCP, IFCS/UFRJ e professora-adjunta de Ciência Política do Departamento de Ciência Política-DCP/IFCS/UFRJ. A Livraria Argumento fica localizada na rua Dias Freire, 417, Leblon.

Confira, a seguir, a resenha de Da outra margem do rio: os partidos políticos em busca da utopia, um texto editado por Daniele Robert a partir dos textos da orelha, elaborado por Luiz Werneck Vianna e do prefácio do livro, por César Guimarães.

Da outra margem do rio: os partidos políticos em busca da utopia é uma obra que dá continuidade a preocupações acadêmicas e políticas que sempre caracterizaram o trabalho de Ingrid Sarti. Em diversos ambientes nota-se a evidente crise da democracia representativa e dos partidos políticos. De fato, logo após o seu momento de auge nas décadas que seguem ao fim da segunda guerra mundial, poderosas transformações sociais e políticas influenciaram no sentido de diminuir a sua importância nas sociedades contemporâneas.

A partir dos anos 1970, e ainda em curso, do Welfare State, quando partidos e sindicatos se faziam diretamente presentes na tomada de decisões em matéria econômica e social, principalmente nas sociais-democracias européias, a afirmação da idéia de planejamento e da valorização da organização dos trabalhadores parecia se constituir em uma antecâmara para um socialismo democrático.

No Brasil, duas décadas após, foi a derrota da greve dos sindicatos dos petroleiros, ao início do governo Fernando Henrique. Pesquisa empírica que analisa estas questões no contexto histórico da globalização, em especial nos anos 90, e se debruça sobre o Partido dos Trabalhadores nos primeiros vinte anos de sua existência. É matéria relevante, que requer reflexão e suscita polêmica.

No que diz respeito aos objetivos de partidos de esquerda, já se tornou paradigmática a noção de que, uma vez aceita as regras do jogo eleitoral, observa-se sua tendência a inclinar-se ao centro, assemelhando-se aos outros grandes partidos. Nos países de socialismo originário — vale a expressão para os partidos europeus — transformações da estrutura social também contribuíram para esta inclinação ao centro: é que, ao contrário das expectativas marxistas, a classe operária não se tornou a maioria de uma sociedade capitalista que veio a conhecer uma forte ampliação das classes médias.

No plano das relações internacionais, o fim do comunismo certamente contribuiu para reduzir a importância do experimento socialista do Ocidente e sua aceitação pelo mundo empresarial e por seus representantes. As regras da economia — as restrições fiscais crescentes, por exemplo — se impuseram por toda a parte. No admirável mundo do novo conservadorismo, os partidos de esquerda passaram, sim, a se assemelhar aos outros nas práticas de gestão e nas táticas políticas. A americanização da política passou a validar o argumento paradigmático sobre a potência da pura lógica eleitoral. E a preocupação da autora passa então a ser com um novo processo de diferenciação da esquerda, os objetivos dos “novos partidos”.

Neste momento de adversidade, como seria o “partido novo” do ponto de vista de uma organização democrática? E como fazer confluir esta organização com os objetivos da igualdade no novo século? Estas são algumas das importantes questões levantadas neste livro, em tratamento que permite o diagnóstico das dificuldades presentes da esquerda e a sugestão de não poucas inovações criadoras. Daí decorre rigorosa avaliação do desempenho do Partido dos Trabalhadores até o final dos anos 90, com a localização de deficiências de organização que viriam a adquirir importância maior no futuro – mais um dos méritos de Da Outra Margem do Rio.