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Uma contribuição alemã ao debate sobre energia

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A crise de energia tem provocado muitos debates nos mais de trinta anos desde o primeiro choque do petróleo. Continuamos, como então, frente a um contexto turbulento: um novo “paradigma energético” continua a nos escapar, pelo menos no horizonte das políticas energéticas. Para complicar ainda mais as coisas, nesse interregno as indústrias energéticas passaram por um verdadeiro terremoto estrutural e institucional, especialmente com respeito à eletricidade, e os custos da energia – diretos e indiretos – tendem a crescer na maioria das previsões. Dentre os custos indiretos, os impactos ambientais têm uma importância crescente na percepção social, bem como a segurança de abastecimento, após quinze ou vinte anos de propostas de liberalização dos mercados de energia.

Para o Profº do Instituto de Economia, Adilson de Oliveira, “os temas – segurança e meio ambiente – são políticos por natureza, antes que econômicos; o fato de terem voltado aos holofotes da opinião pública ressalta apenas que os esforços realizados, para lidar com eles no interior dos mercados de energia, não tiveram êxito significativo. A dimensão política teima em permanecer no debate sobre a política energética”.

E, no Brasil, as vozes alemãs – como de resto as outras européias continentais – têm sido pouco ouvidas nesse debate. Por isso, será lançado no dia 28 (terça-feira), às 17hs, no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ (campus da Praia Vermelha), o “Caderno Adenauer IV: Energia, da crise aos conflitos”. Na ocasião haverá um debate com o Professor Ildo Sauer, diretor da Area de Gás e Energia da Petrobrás e o Profº do Instituto de Economia da UFRJ, Adilson de Oliveira.

Para o Profº Ildo Sauer, “este número dos Cadernos Adenauer ajuda a reduzir esta lacuna, numa iniciativa que espero seja seguida por outras”. O primeiro artigo, de Eberhard Jochem, discute a importância e urgência de se aumentar a eficiência na produção e uso da energia, e as oportunidades desperdiçadas. É um documento rigoroso e apaixonado; merece leitura atenta, relevando alguns erros de tradução (como Sterling em vez de Stirling, falando de motores). O segundo, de Frank Umbach, discute a segurança de suprimento de energia para a Europa. Suas conclusões, de que é necessária uma estratégia diversificada (“não ou…ou, mas tanto…quanto”), são sensatas mas poderão, talvez, irritar correntes fundamentalistas na energia (que as há…). O terceiro trabalho, de Jörg Husar e Günther Maihold, volta-se para a América do Sul, mais particularmente sobre o tema do Gás Natural. Este é um tema da maior atualidade, e o artigo cobre de maneira abrangente e equilibrada os obstáculos e conflitos de interesses que devem ser enfrentados para solução do problema. O quarto, escrito especialmente para este número por Adilson de Oliveira, discute a segurança energética do Cone Sul e a importância de uma real integração energética. Este é um tema caro a todos aqueles que se têm preocupado com o futuro da América Latina, e a solução proposta por Oliveira – um pólo hidrelétrico e anel gasífero – traz uma nova dimensão ao debate.

O volume se encerra com uma contribuição argentina, de Fernando Navajas e Walter Cont, sobre a crise energética de 2004/2005 no nosso vizinho. Intitulado “Anatomia da Crise”, faz análise cuidadosa e conclui que a demanda de eletricidade e gás, estimulada por preços irreais, foi um fator central da mesma