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Voto Universal

Reunidos no Auditório G2 da Faculdade de Letras da UFRJ, professores, alunos e funcionários da Unidade realizaram, na última quinta-feira, dia 14 de abril, uma assembléia para discutir quais serão os critérios para a eleição do diretor encaminhados à Congregação da faculdade que, por ser soberana, poderia homologar as decisões tomadas e torná-las, então, válidas diante do Conselho Universitário, que também se pronunciará sobre a decisão aprovada pela Congregação da faculdade de Letras.

agencia1850T.jpgAssembléia reunindo professores, alunos e funcionários da
Faculdade de Letras da UFRJ encaminha à Congregação
pedido de voto universal para a eleição do diretor

Reunidos no Auditório G2 da Faculdade de Letras da UFRJ, professores, alunos e funcionários da Unidade realizaram, na última quinta-feira, dia 14 de abril, uma assembléia para discutir quais serão os critérios para a eleição do diretor encaminhados à Congregação da faculdade que, por ser soberana, poderia homologar as decisões tomadas e torná-las, então, válidas diante do Conselho Universitário, que também se pronunciará sobre a decisão aprovada pela Congregação da faculdade de Letras.

O professor de Literatura Hispano-americana, Ari Pimentel, funcionários da faculdade e o representante do Centro Acadêmico, Rafael Nunes, foram os moderadores do evento, que contou com a participação de diversos espectadores, transformando a reunião em um intenso debate entre diferentes interesses e pontos de vista, com o objetivo de se chegar a um consenso definido pela maioria.

Registros inexistentes

Demonstrando preocupação com a dinâmica do processo, o professor Pimentel abriu a discussão para a formulação do calendário de eleições, expondo as datas pré-programadas pela comissão eleitoral. “A comissão está propondo um calendário. Procuramos enxugar e agilizar o processo, para realizá-lo o mais rápido possível”, disse o professor. Ele também revelou que foi feita uma pesquisa para mapear e divulgar os processos eleitorais anteriores, com o intuito de enriquecer o debate. No entanto, segundo ele, por motivos desconhecidos, os últimos processos não foram devidamente documentados por algumas das direções passadas.

Interrompendo o professor, um aluno que assistia à assembléia manifestou sua indignação quanto ao atraso no pagamento de bolsas estudantis da direção atual. “Já fizemos manifestações contra os atrasos no pagamento das bolsas dos alunos de Letras. Achamos um absurdo o governo abrir 100 mil vagas para o ProUni e atrasar nosso pagamento”, afirmou o estudante, referindo-se ao programa Universidade para Todos, no qual o governo propõe isenção de impostos às universidades privadas em troca do preenchimento de vagas ociosas por alunos carentes.

“Habemus papam, e daí?”

Retomando o enfoque anterior à interrupção, a professora de Literatura Portuguesa Gumercinda Gonda (Cinda), conhecida pelo seu histórico de militância social, ressaltou sua preocupação com o calendário pré-estabelecido pela comissão. “Confesso que esse calendário me preocupa”, disse. “Se nós já tivemos uma dificuldade imensa de mobilização entre os professores, um debate à tarde prejudicaria ainda mais o processo, pois é a chama da mobilização e não pode ser marcado em um horário tão esdrúxulo. Esse calendário é totalmente burocrático, pois desvaloriza o debate. Habemus papam, e daí?”, ironizou a professora, que contribuiu, desta forma, para a mudança do horário dos debates para a manhã.

Após atingido o consenso em relação ao calendário eleitoral, o assunto mais polêmico da pauta da assembléia foi finalmente discutido: o critério de votação das chapas da diretoria.

Voto paritário ou universal?

Assim como a própria professora Cinda, muitos professores presentes no auditório se manifestaram quando a questão dos critérios de votação foi mencionada. Eles lembraram aos participantes que todos os professores concordaram apoiar, em reuniões passadas do corpo docente, por unanimidade, o voto paritário, que implica na diferenciação do valor dos votos através da divisão de pesos por categoria, sendo aplicados os pesos de um terço para os professores, um terço para os alunos e um terço para os funcionários.

Segundo eles, o voto paritário é a única forma de garantir uma real participação da minoria na votação, tendo em vista a grande diferença entre o número de integrantes de cada categoria, sendo a maioria de alunos. Portanto, esta seria a forma mais democrática de se realizar a eleição.

Em oposição aos professores, o aluno Gregory Costa defendeu a implementação do voto universal como o mais justo nas eleições para a direção da Faculdade de Letras. “Na última reunião do C.A., decidimos optar pela defesa do voto universal. Nada é mais justo que a igualdade entre as pessoas e o peso igual a todos os votos. Além disso, o diretor eleito deve ter o maior número absoluto de votos, coisa que pode não acontecer na votação paritária. O voto universal é a real democracia, pois através dele eu voto não só como estudante, mas também como cidadão”, afirmou o aluno.

Após as argumentações feitas pelos participantes, foi posta a questão em votação na assembléia. E o voto universal, apoiado pela imensa maioria do auditório, ganhou a votação, estabelecendo-se como proposta a ser enviada à Congregação. “Respeito a posição da maioria”, disse o professor Pimentel. “Apesar da maioria discordar da decisão dos professores, categoria da qual faço parte, nós continuaremos presentes no processo eleitoral, até o final”.

No dia 18 de abril, segunda-feira, houve reunião da Congregação de Letras, na sala D-110, para receber as decisões encaminhadas e homologá-las. A implementação do voto universal aguarda respaldo do Conselho Universitário, que possui a tradição de aprovar os critérios estabelecidos pela Congregação.

CALENDÁRIO

– 18 a 26 de abril (das 9 às 15h) – inscrição das chapas
– 28 de abril (9h) – apresentação das chapas e debate
– 3 de maio (11h) – debate
– 10, 11 e 12 de maio (9 às 15h) – eleições*
– 13 de maio – apuração

*não serão permitidas campanhas eleitorais a menos de 10 metros do local de votação.