Não acredito no amor que se finda. Uma vez em que se ama, se eterniza e não se finda o que é eterno. A finitude pertence à bobeira ocidental de fim dos ciclos românticos. Uma vez que se ama, o amor se lança ao infinito, se perde e se basta, por si só continua a existir em multiversos. Não há tempo nem espaço existentes que possam controlar algo que já foi lançado neste e em outros planos. A finitude é infinita porque a toda hora se finda algo; o fim é eterno porque não se arrematam as coisas todas do universo. Nem mesmo a morte é um fim. A ideia de início e fim segue a lógica do tempo cronológico, que nem mesmo o relógio de minha parede consegue acompanhar. A bateria acabou! Mas posso trocar a bateria. É assim que acontece com alguns corações: a bateria acaba, esquecemos um tempo o relógio na parede, lá quieto e esquecido. A preguiça de trocar a bateria é enorme e ridícula. O relógio está perto, só precisa de uma mísera bateria para voltar a funcionar e, finalmente, surge a coragem para trocar a bendita bateria do coração!
Carolina Duvir
Poeta baiana e artista, estudante de Ciências Sociais na Universidade Federal Fluminense, apaixonada pela escrita poética desde pequena, carrega a arte na bagagem e cria as mais diversas formas de expressões para falar ao mundo o que, às vezes, o verbo não pode comunicar.
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