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Roberto Leher é eleito o novo reitor da UFRJ

Candidato da Chapa 20 defendeu universidade "autônoma, crítica e democrática" e obteve mais de 13 mil votos de docentes, técnicos-administrativos e alunos.

22h28

[colaborou Natalia Sales]

O professor Roberto Leher, da Chapa 20, “UFRJ Autônoma, Crítica e Democrática”, foi o candidato mais votado no segundo turno da pesquisa eleitoral e será o responsável pela Reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro na gestão 2015−2019. A vice-reitora eleita é a professora Denise Nascimento, da Faculdade de Odontologia. No ano em que a UFRJ completa 95 anos, Leher será responsável pela 28ª gestão da universidade.

Após o anúncio do resultado, ele afirmou que “a campanha foi marcada por um protagonismo estudantil jamais visto na história da UFRJ” e afirmou que o orçamento da universidade para este ano deverá exigir uma repactuação.

“Muitos reitores já comentam que dificilmente as universidades poderão estar funcionando adequadamente a partir de setembro, em virtude de restrições orçamentárias. Precisaremos de um orçamento suplementar para 2015, de modo que as universidades não tenham suas atividades paralisadas por falta de custeio”, declarou.

Chapa ultrapassou o dobro de votos da adversária

Às 21h30 desta quinta-feira, 7 de maio, com todas as 120 urnas eletrônicas conferidas e 90% das urnas com votos em papel apuradas, a Comissão Coordenadora do Processo Sucessório (CCPS) divulgou o resultado parcial de votos, que confirmavam Leher como reitor. Na sexta-feira, o somatório total será divulgado.

Nessa parcial, Leher obteve 13.233 votos, sendo 1.119 de professores, 2.694 de servidores técnicos-administrativos e 9.420 de alunos. A Chapa da professora Denise Pires, “Somos Todos UFRJ”, obteve 6.534 votos no total, sendo 1.844 de professores, 1.898 de técnicos e 2.792 de alunos.

O processo eleitoral da UFRJ segue o princípio da ponderação paritária. No regimento, são contabilizados separadamente os votos de docentes, técnicos-administrativos e alunos, cujo peso final no somatório é de 1/3 para cada categoria. Assim, os pesos dos votos de docentes têm preponderância sobre os de técnicos que, por sua vez, têm maior peso que os votos de discentes.

As urnas apuradas eletronicamente, no início da tarde, representaram a maior parte dos votos. Pelo sistema de ponderação, Leher teve 23,74% dos votos e Denise 22,95%. O procedimento leva em consideração o total de possíveis votantes, e não apenas os votos das urnas.

No final da noite, o somatório dos votos, pelo sistema eleitoral adotado na universidade, representou uma vantagem de 0,98% de Leher em relação à chapa de Denise Pires.

Trajetória

Aos 54 anos, Leher é professor titular da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRJ. Graduado em Licenciatura em Ciências Biológicas pela UFRJ em 1984, o professor tem mestrado em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutorado em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (USP).

Pesquisador da área de políticas públicas em Educação, recebeu no ano passado a medalha Pedro Ernesto, maior comenda da Câmara Municipal do Rio, como homenagem ao seu trabalho como educador.

De 1997 a 1999, foi presidente da Seção Sindical dos Docentes da UFRJ (Adufrj–Ssind) e, de 2000 a 2002, do Andes–SN, sindicato nacional dos docentes das instituições de ensino superior. Na universidade, foi eleito representante dos professores titulares do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), no Conselho Universitário (Consuni).

Denise Nascimento, a vice-reitora da chapa eleita, é professora associada do Departamento de Clínica Odontológica da UFRJ. Graduada em Odontologia pela Unigranrio, em 1995 tornou-se doutora em Odontologia Social pela UFF. É pesquisadora das áreas de cariologia, materiais preventivos e restauradores; políticas públicas e formação de recursos humanos para a área da saúde. Em 2009 fez pós-doutorado na Universidade de Santiago de Compostela (Galiza, Espanha).

Universidade “autônoma, crítica e democrática”

Roberto Leher elegeu-se defendendo a elaboração de ações estratégicas para que a UFRJ “possa exercer a autonomia constitucional, fortalecendo o autogoverno e a prerrogativa de autonormação”.

Em seu programa, o reitor defende o compromisso de reformular o Plano de Desenvolvimento Institucional e o Plano Diretor da UFRJ, bem como a criação de uma coordenação de infraestrutura, para realizar emergencialmente o fechamento da fachada lateral da ala sul do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF).

“Redefinir o lugar dos alunos”

Apostando na mudança da relação com os alunos, Leher defendeu que os estudantes da UFRJ devem ter maior participação de decisão nas políticas da universidade. A assistência estudantil foi um dos temas centrais de sua campanha. “Direcionar os recursos próprios da universidade para, de forma emergencial, redefinir a assistência nas políticas” foi um compromisso assumido pelo novo gestor.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro

A UFRJ é a maior universidade federal do Brasil, com mais de 260 cursos de graduação e 62.240 alunos. Seu corpo acadêmico é composto por 4.036 docentes e 9.300 servidores técnico-administrativos. A universidade possui dois campi no Rio de Janeiro, um em Macaé, no interior do estado, e um polo em Xerém, Duque de Caxias.

Com projetos de destaque nas áreas científica e cultural, a antiga Universidade do Brasil tem sob seu escopo um Parque Tecnológico com empresas de protagonismo nacional e internacional, nove hospitais universitários e 45 bibliotecas universitárias, sendo uma delas no Colégio de Aplicação da UFRJ (CAp–UFRJ).

Em termos de assistência estudantil, a UFRJ é a universidade federal com o maior programa de bolsas do país, somando investimentos de R$ 85,4 milhões anuais em bolsas, restaurantes universitários, transporte e políticas diversas.