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ESS-UFRJ homenageia Maria de Fátima Lins

A Escola de Serviço Social (ESS) da UFRJ realiza, nesta quarta (02/04), cerimônia em homenagem a Maria de Fátima Lins, ex-aluna de Serviço Social. Na ocasião, será conferido à ex-militante política o direito de concluir o curso, interrompido em 1964, em virtude do exílio político imposto pelo regime militar. A decisão foi tomada pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, em maio de 2010. 

A cerimônia acontece a partir das 18h, no Auditório Professor Manoel Maurício de Albuquerque, localizado no andar térreo do prédio do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). O endereço é Avenida Pasteur, 250, fundos, Urca. A entrada é franca.

Leia abaixo, na íntegra, a apresentação de Maria de Fátima Lins:

 

Apresentação da Maria de Fátima Pimentel Lins:

 

Apresentação do Memorial como requisito para a conclusão do curso de Serviço Social na UFRJ, em cumprimento ao estabelecido pela Comissão de Anistia em 29/05/2010.

Nascida em Recife-PE em 1940.

Militante da Ação Católica desde muito jovem. A moral e a ética cristã a definem como pessoa.

Entrou na Escola de Serviço Social de Pernambuco em 1961.

Foi parte da Juventude Universitária Católica (JUC) e próxima aos integrantes da Ação Popular.

Em 1963, no terceiro ano da faculdade, já estava em condições de começar o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sob orientação da professora Hebe Gonçalves.

Pesquisa de campo para a elaboração do TCC: alfabetização da população pobre de um bairro tradicional do Recife.

Trabalhou com a alfabetização sob o método de Paulo Freire para o Movimento de Cultura Popular do Ministério da Educação (MEC).

Ainda em 1964 militava na ação católica sob orientação de Dom Helder Câmara. Os integrantes desse movimento passaram a ser vistos como comunistas e perseguidos pelo regime militar, recém-estabelecido. 

No mesmo ano, o governo suspende o programa de Alfabetização Popular e Maria de Fátima abandona a Escola de Serviço Social.

Em 1964 casa-se em São Paulo com Marcos Correa Lins (sociólogo, militante da Juventude Universitária Católica (JUC)) e deixa o Brasil a caminho de Paris, onde inicia curso na Universidade de Sorbonne sobre trabalho em países em vias de desenvolvimento. No entanto, o casal viaja para a Argélia e Maria de Fátima não consegue concluir o curso.

A militante precisa deixar a Argélia em 1965, após a deposição do governo local. Volta sozinha e grávida do primeiro filho para Recife.

No mesmo ano, reencontra o marido, com quem tem mais dois filhos. O casal vai morar em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife para fugir da perseguição política.

Em 1974, depois da prisão da cunhada, Maria de Fátima sai do Brasil pela segunda vez, a caminho de Genebra. Volta em 1979, após a decretação da Lei da Anistia.

Em 2010, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça julga o requerimento de Maria de Fátima. Anistiada política, com reparação econômica, tem concedido o direito de conclusão do curso de Serviço Social na UFRJ.