A Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ sediou, na última terça-feira (20/9), o debate Diferentes Mídias na Cobertura das Manifestações, que abordou as diversas maneiras com que a mídia vem cobrindo os protestos em todo o país.

"> A Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ sediou, na última terça-feira (20/9), o debate Diferentes Mídias na Cobertura das Manifestações, que abordou as diversas maneiras com que a mídia vem cobrindo os protestos em todo o país.

">
Categorias
Memória

Escola de Comunicação debate a cobertura das mídias tradicional e alternativa

A Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ sediou, na última terça-feira (20/9), o debate Diferentes Mídias na Cobertura das Manifestações, que abordou as diversas maneiras com que a mídia vem cobrindo os protestos em todo o país.

mesa

A Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ sediou, na última terça-feira (20/9), o debate Diferentes Mídias na Cobertura das Manifestações, que abordou as diversas maneiras com que a mídia vem cobrindo os protestos em todo o país. Estavam presentes como palestrantes o estudante Guilherme Ramalho (TV Globo); Filipe Peçanha, conhecido como “Carioca” (Mídia Ninja);o professor Gustavo Barreto (ECO); Gizele Martins (jornal O Cidadão) e Catherine Lira (UFF). A mediação foi feita pelo estudante Rafael Rezende, da ECO.

Dando início ao debate, Filipe Peçanha fez uma breve avaliação sobre os protestos no país e criticou a forma como a mídia tradicional se posicionou na cobertura de tais eventos: “As manifestações são o mote inicial para se fazer uma reflexão sobre o que acontece no Brasil. No início, a mídia tratava o indivíduo que estava indo às ruas como alguém que deveria ser punido, mas isso começou a mudar”.

Segundo Filipe, o que causou maior revolta nos manifestantes foi a conduta da Polícia Militar, que agiu com violência e falta de respeito. Esse fato também foi omitido pela mídia, que apenas realçava o caos causado no trânsito por causa dos protestos, sem abordar, de fato, as causas que estavam levando tantas pessoas para as ruas. “Os manifestantes voltavam para casa e viam outra realidade sendo retratada na televisão”, disse.

Mídia independente

O professor da ECO, Gustavo Barreto, exaltou a importância de se pensar nos atos praticados nas manifestações: “Ativista, como o próprio nome diz, tem que ser ativo, mas também tem que refletir sobre aquilo que está fazendo. Tem que se questionar sobre a opção que está tomando, e se aquela é a melhor decisão”.

debate
 Foto: William Santos

Gustavo disse que as mobilizações são uma novidade, mas que os grupos de comunicação sempre existiram. Para ele, a mídia independente não tem um papel temporário e não deve parar de lutar por mudanças políticas. “Mídia independente não é aquela que está contra alguma coisa e, depois que outro governo ascende ao poder, se acomoda e para de lutar por transformações na política pública do país”.

Gizele Martins, moradora do Complexo da Maré e uma das responsáveis pelo jornal O Cidadão, falou sobre a falta de comprometimento dos meios de comunicação com os moradores de favelas, e disse que é papel da população insistir para que os meios comunitários e as mídias livres continuem existindo: ”Vozes são caladas todos os dias, a criminalização da pobreza é histórica, mas a mídia não mostra isso”.

Colaboração entre as mídias alternativas

Catherine Lira, estudante de Comunicação da UFF, ressaltou o que foi dito pelos companheiros de mesa e disse que a necessidade de outras mídias é urgente: “É preciso garantir a pluralidade de vozes”. Para ela, entre as funções do comunicador está a defesa dos direitos humanos, e alertou para o fato de que a comunicação é um direito de todos.

debate2 
 Foto: William Santos

Segundo Catherine, a mídia peca por não ficar do lado dos manifestantes. “O Estado é o maior violador de direitos que existe hoje, e a mídia cumpre um papel no qual esse Estado tem legitimidade”, afirmou.

Outro ponto abordado pela estudante foi a colaboração entre aqueles que trabalham com as mídias alternativas. Enquanto a mídia tradicional se baseia na concorrência com outras emissoras e corre contra o tempo para dar as notícias em primeira mão, aqueles que trabalham com as mídias alternativas buscam se ajudar, pois sabem que o trabalho em equipe é muito mais proveitoso: “Eu tenho que estar articulado com o outro, porque isso vai potencializar a minha ação”.

Violência contra jornalistas

O estudante Rafael Rezende alertou para as inúmeras agressões a jornalistas durante os protestos e disse que, por mais que a revolta seja contra as emissoras de televisão, a violência atinge aqueles que estão ali para fazer o seu trabalho.

Guilherme Ramalho, da TV Globo, disse não achar justa a violência contra os repórteres. “Da mesma forma que reclamamos da truculência dos policiais, que são os verdadeiros vândalos de farda, não podemos agredir os jornalistas”, afirmou.

Segundo ele, o momento atual é muito interessante para que os estudantes reflitam sobre a profissão: “O estudante de Jornalismo tem que pensar no seu papel, que é dar voz a quem tem voz, saber desempenhar sua função dentro da sociedade”.

No fim do debate, Filipe disse que a Mídia Ninja, assim como os outros meios alternativos, não pretende ser o novo monopólio da mídia brasileira, mas reafirmou a importância desse novo canal de informação: “Nós somos a conexão direta com aquilo que está sendo colocado nas ruas”.