O último dia do “13º Interseção”, evento organizado pela professora Mônica Machado e alunos da Escola de Comunicação (ECO-UFRJ), abordou os temas “O lugar do patrocínio nos megaeventos Copa e Olimpíadas” e “A construção da marca olímpica”. Os palestrantes convidados foram Hélio Cabral, gerente sênior de patrocínio da Coca-Cola; e Roberta Gamboa e Daniel Souza, ambos da Tátil Design, agência responsável pela elaboração e desenvolvimento da marca olímpica de 2016.
Cabral iniciou sua fala explicando um pouco sobre o DNA da marca Coca-Cola e como ele tem a ver com música e esportes. No Brasil, essa relação é mais expressiva no futebol. "A Coca-Cola tem uma relação histórica com o futebol, desde o início dos anos 50. Na década de 70, já éramos parceiros da Fifa", ressaltou.
O palestrante afirmou acreditar que os eventos trarão melhorias claras ao país. “A reforma e construção dos estádios nem tanto, mas a modernização de vias e aeroportos e a revitalização de áreas públicas serão um legado maravilhoso para a população”, afirmou.
Sobre a relação da marca com o Brasil e com o nosso futebol, Hélio lembrou os diversos eventos patrocinados pela Coca-Cola no país, tais como a “Copa União”, em 1987, “Minicraques”, em 1998, “G4 Paulista”, em 2009 e, mais recentemente, a “Copa Coca-Cola”.
Segundo o palestrante, este último é o maior torneio sub 15 do Brasil, com cerca de 10 mil atletas, entre meninos e meninas, em mais de 200 comunidades em todo o país. “Este evento acontece há 15 anos em todo o mundo e há três no Brasil. Tem por objetivo estimular positivamente os jovens que vivem em comunidades carentes, que diariamente estão expostos às drogas, à violência…”, explicou.
Hélio fez questão de frisar que Coca-Cola não é patrocinador dos eventos da Fifa, é parceiro. Essa categoria concede alguns privilégios à marca, como, por exemplo, usar a taça original da Fifa por 140 dias. Outras marcas patrocinadoras só podem utilizar a réplica.
Por fim, Cabral falou dos impactos da Copa de 2010 na África do Sul. O mesmo acredita que, embora o idioma do Brasil não seja o inglês e o país precise investir muito em capacitação, o evento terá um impacto bem maior aqui. “Este é o país do futebol. Todos aqui são apaixonados pelo esporte, nem que seja só na Copa”, afirmou. E fazendo menção à independência dos Estados Unidos, concluiu: “A Copa é como se fosse nosso 4 de julho: as pessoas se pintam, enfeitam as ruas, bebem, comemoram. A Coca-Cola quer fazer parte desse momento reforçando a inspiração, união e alegria que vêm do esporte”.
Na segunda palestra, Roberta Gamboa e Daniel Souza explicaram como foi o processo de construção da marca olímpica. “Trata-se da marca não comercial mais conhecida do mundo. No início, 139 agências participaram do processo de escolha da marca dos Jogos Olímpicos de 2016, 87 apresentaram a documentação necessária, 24 foram entrevistadas e, das oito finalistas, a marca criada pela Tátil foi escolhida por unanimidade em 2010”, contou Roberta.
De acordo com ela, a agência teve muitos desafios para a realização do projeto, pois se trata da identidade visual mais complexa de se fazer. “A mesma deveria refletir a cultura local, evitando estereótipos. Tinha que ser inovadora, dinâmica, alegre, atual, ter os valores olímpicos agregados, entre outros aspectos que vieram no briefing”, explicou.
Assim, a Tátil Design se apoiou em quatro pilares para atender às exigências do Comitê de seleção. “Nós nos baseamos na diversidade harmônica do Rio, no espírito olímpico, na natureza exuberante da cidade e na energia contagiante do carioca, tendo como foco a paixão e a transformação”, contou a designer.
Daniel contou que o trabalho foi feito com a união das equipes carioca e paulista, que passaram a se encontrar semanalmente para trocar ideias, opiniões, esboços. “Mais de 50 marcas foram feitas até chegarmos à escolhida, mais de 3160 artes-finais”, contou.
Daniel mostrou a evolução da marca, que surgiu como um estudo da forma do Pão de Açúcar, da Pedra da Gávea, do Morro Dois Irmãos e outros símbolos da natureza marcante da cidade do Rio de Janeiro. “Foi a primeira marca tridimensional já feita para as Olimpíadas. Nós resolvemos inovar e deu certo. O público poderia achar estranho, inovador demais, no entanto, a recepção da marca foi um sucesso nacional e internacionalmente”, explicou.
Contudo, o maior desafio do grupo foi manter sigilo sobre a marca durante três meses. Caso a mesma vazasse, a empresa teria que pagar uma multa altíssima, correspondente ao trabalho de seis meses. “Fizemos reuniões secretas, criamos até um ‘quarto branco’ com fechadura biométrica, o qual chamávamos de ‘A NASA’. Valia tudo para trabalhar na marca sem deixar vazar”, disse.
Os designers finalizaram a palestra lembrando que a marca ganhou força depois do ciclo das Olimpíadas de Londres. “Agora temos quatro anos pela frente pra fazer essa marca brasileira entrar pra história do evento.”
Assim foi encerrada a 13ª edição do evento de publicidade e marketing da UFRJ. Outras informações e os nomes dos vencedores do prêmio Cid Pacheco estão na página do Facebook