O seminário “Violência urbana, administração institucional de conflitos e metrópoles brasileiras” abordou, na última segunda (8/11), temas como as práticas policiais no Brasil e no mundo, tendo como principais referências as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Roberto Kant de Lima, pesquisador do Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (Inct/InEAC), falou sobre a importância da mídia com relação à repercussão dos episódios violentos. “Todos os dias acontecem atos de violência em todo o mundo, mas a mídia elege alguns para suscitar audiência, em primeiro lugar e, de forma secundária, o empenho das autoridades. O menino Juan, de Nova Iguaçu, e a juíza Patrícia Acioli são exemplos recentes disso”, explicou.
Edinilza de Souza, do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves), comentou sobre as condições de trabalho, saúde e qualidade de vida de policiais civis da Baixada Fluminense. O estudo da pesquisadora abrangeu as 19 delegacias da área em questão e concluiu, entre outras coisas, que os policiais estão expostos a níveis muito altos de estresse e sofrimento psíquico, devido, principalmente, à desvalorização da profissão.
Além disso, a professora falou sobre homicídios na América Latina. Segunda a docente, o número de mortes violentas, em geral, tem diminuído em todos os países onde a pesquisa foi feita: Brasil, Argentina, Colômbia, México e Venezuela. “O estudo procura entender por que as taxas diminuem em determinados lugares. Por enquanto, pode-se dizer que a melhora da economia é um dos principais fatores que contribuiu para essa queda”, esclareceu.
Renato de Lima, da Fundação Bienal de São Paulo (FBSP), abordou o tema das políticas públicas na área de segurança. Para o pesquisador, os governos que investiram em políticas de integração, tais como Rio de Janeiro, Pará, Ceará e São Paulo, foram os que tiveram seus índices de criminalidade reduzidos de maneira significativa nos últimos dez anos.
Por fim, a pesquisadora Maria Fernanda Tourinho, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP), falou sobre a queda dos homicídios no município de São Paulo a partir dos anos 2000. Entre as hipóteses levantadas, a ascensão da economia foi a mais enfatizada. “Embora a economia esteja mais ligada a crimes contra a propriedade, ela reduz a pobreza e os níveis de desemprego, diminuindo também a necessidade de se cometer assaltos, que, em muitos casos, são seguidos de morte”, explicou.
Segundo a pesquisadora, a redução de quase 70% nos índices de homicídio se deveu, também, ao aumento do contingente policial, à política de encarceramento em massa, à redução no número de jovens, à mudança nas políticas de segurança pública, e outros. “Uma diminuição tão acentuada não tem só um fator que justifique, mas o mais importante é que o Estado interfira, não permitindo que a violência chegue a níveis alarmantes como no final do século passado”, concluiu.