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140 Anos da Comuna de Paris: trabalho, economia e autogestão operária são temas de debate

Foi para comemorar os 140 anos da Comuna de Paris que a Associação de Docentes da UFRJ (Adufrj) e o Fórum de Ciência e Cultura, em conjunto com núcleos e fóruns do Instituto de Economia (IE) e da Escola de Serviço Social (ESS), organizaram um seminário para debater a conjuntura sociopolítica e suas influências.

A terceira mesa do evento, “Trabalho, economia e autogestão operária”, aconteceu na quinta (15/9) e foi composta pela professora Maria Malta (IE), moderadora, e pelo professor Marcelo Badaró (historiador da Universidade Federal Fluminense), além do representante dos trabalhadores da Flaskô, Pedro Santinho. A Flaskô é uma fábrica de iniciativa privada de embalagens de plástico que foi ocupada, em 2003, por seus trabalhadores e segue até hoje com a organização de autogestão de seus funcionários. Para finalizar, a mesa contou com a presença do professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) Mario Duayer.

Badaró abriu o debate chamando a atenção para a contextualização do que eram e qual a importância dos operários na Comuna de Paris. “A importância histórica não está nas vitórias ou derrotas, mas sim na possibilidade da classe trabalhadora assumir o papel de sujeito revolucionário”, afirmou. Sua fala destacou a importância de se resgatar o evento histórico do ponto de vista da possibilidade da revolução movida pela classe operária, iluminando o que seria uma revolução futura.

Em seguida, com o intuito de explicitar a experiência do controle operário no Brasil, Pedro Santinho falou acerca do funcionamento da autogestão, gerenciamento no qual os trabalhadores detêm o controle da fábrica e sua organização. Colocou também as dificuldades encontradas de manter esse estado, ainda dependente da lógica capitalista. Concordando com seu antecessor, Santinho enxerga a Comuna como uma nova forma de política criada por uma nova classe.

Expondo a questão do trabalho nas obras de Marx, o professor Mario Duayer disse que o autor alemão defendia que o trabalho não deveria ser tão central na vida social, mas sim algo que fosse constituinte do indivíduo, para que este não se reduzisse. “Em Marx não há ternura pelo trabalho, mas sim uma crítica antológica a ele”, concluiu.

O debate foi bem recebido pela plateia, que aplaudiu os palestrantes, e participou com perguntas. O evento lotou o Salão Pedro Calmon do Fórum de Ciência e Cultura.