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III Jornada de Controle do Tabagismo e Promoção da Saúde no CCS

A III Jornada de Controle do Tabagismo e Promoção da Saúde no Centro de Saúde da Ciência (CCS/UFRJ) ocorreu nessa quinta-feira, 30 de junho. O evento cujo slogan era “CCS sem cigarros, uma lição de cidadania”, foi realizado no Auditório Hélio Fraga, bloco K do CCS.

A professora Sônia Soares Costa, presidente da Comissão de Biossegurança do Centro de Ciências da Saúde, abriu os trabalhos enfatizando a renovação anual do compromisso da realização da jornada, que chegou a sua terceira edição. De acordo com a professora, desde junho de 2009, o evento ocorre voltado para a emissão da mensagem de que é necessário manter o ambiente do CCS livre do tabaco.

Convocando os palestrantes convidados a comporem a mesa de debates, a professora Maria Fernanda Santos Quintela da Costa Nunes, decana do CCS, fez uma introdução ao que seria tratado na Jornada, destacando o importante papel que a professora Sônia Soares tem na busca com perseverança e dedicação por um ambiente saudável no Centro. Nessa introdução, exemplificou a temática inclusive com exemplos pessoais, tratando da própria experiência como fumante passiva, quando na década de 1980 trabalhava no subsolo do CCS e dividia sua sala com mais dois fumantes, em um ambiente onde não havia possibilidade de circulação de ar. “Todo mundo é livre sim, mas a minha liberdade acaba onde começa a do outro, assim como também o respeito é fundamental.”

Na sequência, os palestrantes convidados deram início às suas palestras. Graduado e doutorado na UFRJ, com pós-graduação na PUC na área do tabagismo, Carlos Leonardo Pessoa (SOPTERJ-RJ) discorreu sobre o contexto do início e a dificuldade de sair do tabagismo em sua palestra “Tabagismo: a dependência e suas formas de tratamento”. Passando por uma abordagem histórica e sobre os diferentes mecanismos de utilização do tabaco, como cigarros, charutos, narguilés, foi categórico: “Não há forma segura de utilização do tabaco”. Atentou também para o fato de que os números de tabagistas no Brasil melhoraram no decorrer dos anos, apesar de ainda hoje haver uma grande quantidade de usuários do tabaco. Para se ter uma ideia, em 1989 32% da população era tabagista, e até 2008 esse número despencou para 17%, com queda mais expressiva entre os fumantes homens.

A atitude de fumar é hoje a primeira causa evitável de morte no mundo, e fumar está associado com 55 doenças diferentes: o tabagismo é uma doença que precisa ser prevenida e tratada. O doutor Carlos Leonardo abordou os motivos que levam à atitude de fumar, entre eles o genético (maioria dos fumantes tem um dos genitores também fumante), os exemplos paternos, a questão da adolescência, a ideia de que fumar é charmoso, a depressão e a ansiedade. Interagindo com os presentes, o palestrante ratificou sua tese ao questionar com quantos anos os fumantes presentes teriam desenvolvido o hábito de fumar, e as respostas variaram entre idades de 17 até mesmo 12 anos. Falou também sobre o aspecto comercial do fumo.

Segundo o doutor Carlos Leonardo, a indústria empurra as pessoas pro tabagismo: apesar da proibição das propagandas, a indústria sempre busca novas formas de divulgação, seja através da promoção de seus produtos em festas, seja através da demonstração deles na mídia do entretenimento, através de artistas famosos em filmes, por exemplo. “O tabagismo é uma doença que envolve os âmbitos físico, psicológico e de condicionamento”, acrescentou.

No prosseguimento da Jornada, a advogada Cristiane Vianna (Inca-RJ) apresentou a palestra “Avanços e desafios na implementação da convenção-quadro para o controle do tabaco no Brasil”, e Claudia Jurberg, do Programa de Oncobiologia da UFRJ desenvolveu a palestra “Entre dois mundos: o conhecimento dos jovens de diferentes nichos sobre o tabagismo”. A Jornada contou também com a exibição do vídeo documentário “Fumando Espero”, de Adriana Lessa, que um fumante decidido a largar esse hábito faz um estudo sobre a temática, expondo as particularidades da letal indústria do tabaco.