O embaixador Celso Amorim ministrou a palestra de abertura do Seminário Internacional Brasil, China e Estados Unidos: estratégias nacionais, interesses e implicações para o futuro da América do Sul, na última sexta-feira (10/06), promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional (Pepi) da UFRJ.

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Embaixador Celso Amorim compara Brasil, China e Estados Unidos

O embaixador Celso Amorim ministrou a palestra de abertura do Seminário Internacional Brasil, China e Estados Unidos: estratégias nacionais, interesses e implicações para o futuro da América do Sul, na última sexta-feira (10/06), promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional (Pepi) da UFRJ.

O embaixador Celso Amorim ministrou a palestra de abertura do Seminário Internacional Brasil, China e Estados Unidos: estratégias nacionais, interesses e implicações para o futuro da América do Sul, na última sexta-feira (10/06), no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF).

Amorim comparou os três países-tema do evento, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional (Pepi) da UFRJ, a uma forma geométrica. “Estamos falando das duas maiores potencias mundiais. Brasil, China e Estados Unidos formam um triângulo desequilibrado, onde um vértice é mais frágil” afirmou, evidenciando a inferioridade brasileira. “Os EUA colocam o Brasil como um problema, pois somos o único outro país com alcance global no continente americano, situação com a qual não estão acostumados a viver”, disse o diplomata.

 O chanceler discorreu mais longamente sobre a China, devido ao fato de os EUA “terem um comportamento constante e já conhecido pelo resto do mundo”. “Uma parceria estratégica foi feita com a China em 1994, porque eles (os chineses) já tinham problemas de abastecimento de matérias-primas. Naquela época, o comércio era da ordem de dois bilhões de dólares por ano, mais ou menos 2% das nossas exportações. Hoje, a China, que compra 14% de nossas exportações, é o nosso maior mercado”, explicou. Entretanto, o embaixador frisa que é importante conhecer melhor essa potência asiática. “Há uma ignorância em relação à China, o que faz com que não saibamos aproveitar as oportunidades ou nos proteger dos possíveis riscos”, enfatizou Amorim.

O ex-ministro das Relações Exteriores falou ainda sobre a América Latina e o IBAS, aliança formada pela Índia, Brasil e África do Sul. “Quanto mais fortalecermos a unidade da América Latina, mais estaremos fortalecendo esse vértice do triângulo […] Somos casados com a Argentina, para sempre, sem divórcio. Temos que decidir se seremos um casal feliz ou briguento”, diz, em tom de brincadeira. “O IBAS é muito positivo não pelos interesses em jogo, e sim pela afinidade entre as nações. São três democracias multirraciais, multiculturais”. Por último, Amorim demonstrou a prova de seu talento diplomático: “Não queremos o mundo dominado pela China, nem pelos EUA, tampouco Brasil. Queremos um mundo multipolar, equilibrado”, conclui.

Celso Amorim

Nascido na cidade de Santos (SP), em 1942, Celso Amorim graduou-se pelo Instituto Rio Branco em 1965 e obteve título de pós-graduação em Relações Internacionais em1967, pela Academia Diplomática de Viena, na Áustria. Foi professor de Língua Portuguesa do Instituto Rio Branco, professor de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e é membro permanente do Departamento de Assuntos Internacionais do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo. Já exerceu diferentes funções em importantes instituições como Embrafilme, Ministério da Ciência e Tecnologia, coordenou as  missões brasileiras na ONU, em Nova Iorque, e na Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra, Suíça. Foi ministro das Relações Exteriores por duas vezes, durante os mandatos de Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva. Em 2009, foi indicado pelo comentarista David Rothkopf, da revista estadunidense “Foreign Policy” como o melhor chanceler do mundo. No ano seguinte, a mesma publicação o elegeu como o sexto “pensador global” mais importante do ano, em uma lista com 100 nomes, com o mérito de “transformar o Brasil em um ator global”.