Uma pesquisa realizada pela revista Genome Research confirmou as suspeitas de que a vitamina D controla uma rede de genes ligados a doenças. Problemas genéticos como diabetes, artrite, esclerose múltipla e câncer podem ser prevenidos pela vitamina, que é produzida naturalmente pelo corpo através da exposição ao sol e é encontrada em peixes, crustáceos, ovos e leite.
Dados comprovam que até um bilhão de pessoas em todo o mundo sofrem de deficiência de vitamina D, pela pouca exposição ao sol. Um cuidado especial deve ser tomado por grávidas e com crianças nos primeiros anos de vida, pois a produção de vitamina D nessa fase resultará benefícios à saúde no futuro. Além disso, no caso das grávidas, pode ocorrer contrações pélvicas, aumentando o risco de morte da mãe e do feto.
Diante disso, o Olhar Vital convidou as nutricionistas Andréa Abdala Frank e Márcia Soares da Mota e o clínico geral Carlos Henrique Castelpoggi para opinar e esclarecer o assunto.
Andréa Abdala Frank e Márcia Soares da Mota, professoras do Instituto de Nutrição Josué de Castro
“De fato, atualmente as informações sobre o papel da vitamina D no organismo são muito mais amplas do que outrora, quando se atribuía a esta vitamina apenas a importância sobre a saúde óssea. Isso porque, durante esta década, importantes estudos demonstraram que a vitamina D é um nutriente que, ao interagir com receptores específicos, é capaz de interferir na expressão de genes que participam na resposta imunológica. Dessa forma, a associação entre a vitamina D e as doenças autoimunes, como a esclerose múltipla, têm sido muito estudadas. Os receptores de vitamina D, chamados receptores VDR, estão presentes em células do sistema imune como, por exemplo, em monócitos e linfócitos T e B ativados. A interação da vitamina D, com seus receptores, interfere na proliferação de células imunes, produção de anticorpos, síntese de mediadores inflamatórios, preservação da integridade da mucosa intestinal, dentre outras.
O papel da vitamina D ativa sobre a saúde óssea está bem documentado pela ciência. Entretanto, atualmente vem sendo investigada a participação desse nutriente sobre a saúde outros tecidos e órgãos, especialmente em casos de doenças com importante componente imunológico envolvido, como a esclerose múltipla, doença de Crohn, lúpus e artrite reumatoide. Destaca-se que é provável que em alguns casos o problema não esteja exatamente na deficiência de vitamina D ativa, mas, sim, no funcionamento dos seus receptores ou na interação nutriente-receptor. De forma que ainda é precoce dizer que tais enfermidades poderiam ser tratadas com a suplementação de vitamina D, mas certamente um novo horizonte para tratamento destas começa a ser desvendado.
O raquitismo, a osteopenia e a osteoporose são doenças que podem ser evitadas com a irradiação solar e a ingestão diária de alimentos como frutos do mar em geral e ovos”.
Carlos Henrique Fernandes Castelpoggi, chefe do Serviço de Clínica Médica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ)
“O artigo de referência é um artigo publicado em revista de pesquisa básica sobre o genoma. Foi evidenciada a presença de receptores de Vitamina D em sequência de DND próximos a locais relacionados a doenças. Existe a referência de um bilhão de pessoas com deficiências de vitamina D no mundo, e relato de diminuição da apresentação de algumas doenças com a reposição de vitamina D. Porém, o mecanismo de ação da Vitamina D não é conhecido, e é preciso comprovar se ocorre associação com as doenças ou o déficit é a causa.
As pesquisas apontam para uma possibilidade de associação que necessita complementação com outros estudos. Necessitamos de maiores evidências clínicas, o estudo evidencia informações em material genético. Porém é uma informação importante e deve ser analisada com grande interesse.
Até o momento é confirmado que a falta de vitamina D provoca alterações na dentição e ossos (osteomalácia e raquitismo).”