Miguel Chalub, professor do Insituto de Psiquiatria (Ipub) da UFRJ e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), realizou, no dia 30/07, no Auditório Leme Lopes, a palestra “O futuro da psicanálise diante do progresso da psicofarmacologia e das neurociências”. Especialista no estudo da depressão, Chalub explicou o surgimento das psicoterapias, no final do século XIX, após as migrações do meio agrário para o meio urbano.
De acordo com o docente, as guerras geraram problemas sociais, econômicos e também psíquicos. “Outro fator determinante foi o surgimento da Física, da Química e da Biologia que transformou a Medicina em uma ciência experimental e não mais observatória”, analisou. As psicoterapias eram oferecidas aos pacientes que sofriam de estresse, histeria, depressão, quando não havia mais a perseguição àqueles considerados “bruxos”. O professor explica que, “inicialmente, a Psiquiatria aconselhava o paciente a viajar ou descansar, e que Freud propôs conhecer melhor as doenças e o inconsciente.”
Segundo Chalub, o surgimento da Neurociência se deu após a Segunda Guerra Mundial, quando surgiram problemas que a Psicanálise não conseguia resolver. “Surgiram os questionamentos se esta ciência era a adequada para resolver tais problemas, já que a Segunda Guerra causou danos profundos às pessoas. O cérebro então passou a ser cada vez mais esquadrinhado, surgindo a Tomografia, que mostrava a morfologia cerebral, e, logo depois, a Neuroimagem, que mostrava não apenas a morfologia como também o funcionamento cerebral, o que gerou a extensão das neurociências dos laboratórios para as psicoterapias”, esclarece.
Chalub diz que as neurociências propuseram explicar as doenças psíquicas, atitudes, comportamento humano, e cita o exemplo da razão pela qual os bebês sorriem ou choram. “Para as neurociências, a formação de circuitos cerebrais ocasiona esses comportamentos nos bebês. Os circuitos registram, para a criança, que quando a mãe está por perto, ela tem segurança e quando um estranho está por perto, ela não está segura, por isso ela chora”, elucida o professor, para quem, “por mais que a Neurociência progrida, nunca chegará a uma verdadeira dimensão humana”.
O Ipub-UFRJ oferece, durante as próximas três sextas-feiras (06, 13 e 20) de agosto, sessões sobre assuntos pesquisados pelo seu Centro de Estudos.
Programação:
06/08, às 10h30 – Violência contra a mulher;
13/08 às 9h – Maus tratos contra crianças e adolescentes;
20/08, às 10h30 – Terapia cognitivo-comportamental do transtorno de estresse pós-traumático.