Seminário Internacional Ordem, Desordem, Ordenamento: Arquitetura, Espacialidade, Paisagem – 1807-2009 debateu o espaço urbano brasileiro, a partir das influências hispânicas e lusófonas no país.

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Memória

Criatividade e reordenamento urbano em debate

Seminário Internacional Ordem, Desordem, Ordenamento: Arquitetura, Espacialidade, Paisagem – 1807-2009 debateu o espaço urbano brasileiro, a partir das influências hispânicas e lusófonas no país.

As mudanças provocadas na paisagem brasileira nos anos posteriores à ocupação da corte foram pontos-chave da terceira edição do Seminário Internacional Ordem, Desordem, Ordenamento: Arquitetura, Espacialidade, Paisagem – 1807-2009. Organizado pelo Programa de Pós-graduação em Arquitetura da UFRJ (Proarq), de 14 a 16 de dezembro, o evento debateu as maneiras de construção e desconstrução do espaço urbano brasileiro, a partir das influências hispânicas e lusófonas no país.

De caráter interdisciplinar, o colóquio foi dividido em quatro grandes áreas: Arquitetura, Urbanismo, Paisagismo e Patrimônio e Cidade. Para alguns dos participantes, o envolvimento particular com os temas era um dos grandes impulsionadores da pesquisa. Foi o caso da arquiteta Karina Pimentel, que atualmente trabalha em sua dissertação de mestrado sobre a reutilização de espaços. A paranaense chegou a receber atenção da mídia local há alguns anos, desde que passou a morar numa cabine de trem, reaproveitada e adaptada por ela mesma.

Vivendo num vagão

Karina conseguira um vagão da antiga estação Sorocabana através de um leilão realizado em 2001. Sua primeira ideia era transformá-lo num escritório, mas logo se sentiu tão à vontade com o projeto que trocou a casa de 300 metros quadrados no bairro nobre do Bom Retiro, em Curitiba, por uma residência “comprida” de menos de 19 metros num terreno menor.

Após a decisão de que seria aquele seu novo lar, Karina conta que teve que promover novas instalações, tais como caixa d’água e pára-raios, e também adaptações, como foi o caso dos banheiros (que receberam aquecimento a gás), da parte elétrica, dos pisos e dos móveis, todos com rodinhas para facilitar a limpeza. No final, ela contabiliza um aproveitamento de espaço de 48 metros quadrados. E garante que não teve problemas com a segurança: “Mandei reforçar a fechadura e o caixilho das janelas”, afirma.

Soluções Criativas

A experiência de habitar um vagão de trem teve, para ela, consequências positivas e negativas. Pelo lado bom, encontrou uma maneira criativa de resolver problemas de acomodação espacial. Por outro lado, a vida na casa de ferro revelou limitações estruturais que afetavam o conforto. Dentre eles, os problemas com o calor, o frio e a acústica. “Quando fazia frio ou calor, lá dentro estava ainda pior”, lembra. Ela ainda mostra um gráfico acústico produzido por ela mesma, apontando as principais áreas onde o som externo tornava-se invasivo. “Quando passava o trem (nesses lugares) era impossível ouvir qualquer outra coisa.”

Apesar das dificuldades, Karina Pimentel diz não desistir da ideia e prossegue com a tentativa de “melhorar o conforto em estruturas metálicas”, o que é um dos temas de sua tese.

Transformar um local qualquer em “lar” é um dos principais desafios daqueles que trabalham com arquitetura e urbanismo. Trata-se não apenas de um momento de construção de um abrigo, mas também de um espaço para a individualidade.