A última sessão do Centro de Estudos do Instituto de Psiquiatria da UFRJ (Ipub) teve como tema os males do pânico e modelos de tratamento em teste. Do debate, intitulado “Efeitos neurobiológicos da psicoterapia cognitivo-comportamental no tratamento do transtorno de pânico”, participou a pesquisadora Marcele Carvalho, que falou sobre pesquisas comportamentais. O evento ocorreu na sexta-feira passada (4/12) no auditório Leme Lopes, do Ipub.
Confrontar a realidade é uma das diversas terapias, como acontece com a agorafobia (aversão irracional a lugares lotados). Marcele Campos cita como exemplo um programa de realidade virtual em que o paciente entra num ônibus inicialmente vazio. A situação torna-se cada vez mais tensa até o transporte encher-se de passageiros e ficar preso no trânsito do interior de um túnel barulhento. Depois da situação de estresse, entretanto, o trânsito reordena-se, mostrando ao paciente que a ansiedade tem hora para acabar.
“Sabemos que quando o pânico vem não há racionalidade que o segure”, observa Marcele, acrescentando que o foco do projeto é estudar como alterações cognitivas auxiliam a desvincular a perda de controle da realidade aos improváveis efeitos destrutivos comuns à mente do portador de pânico.
Outra vertente do estudo realizado no Ipub é o mapeamento encefálico. Hoje se acredita que disfunções na amígdala, zona cerebral responsável pela identificação de situações de perigo, sejam as principais responsáveis por desencadear as crises ansiosas irracionais dos portadores de transtornos do pânico. Isso significa que a doença é gerada muito mais por condições biológicas internas que por fatores externos.
Compreender como age o cérebro nessas situações é uma demanda que exige esforços tanto da área neurocientífica quanto da psicoterapia. O Ipub mantém três grupos de controle com a função de analisar reações cerebrais e fisiológicas a estímulos. No futuro, novos remédios e terapias poderão dar fim ao incômodo que incapacita e torna difícil a vida de muita gente.