Categorias
Memória

Curtas narram a história de desaparecidos da ditadura

"Anistia: Reparação e Memória” é o título do seminário organizado pelo Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP- DH), que apresentou além das palestras, os curtas “O Povo escreve a história nas paredes”, de Sylvio Tendler, “15 Filhos”, de Maria Oliveira.

O primeiro narra a história da União Nacional dos Estudantes (UNE) através de depoimentos de seus filiados. O segundo exibe a trajetória dos filhos dos militantes políticos mortos ou presos pela ditadura militar.

Após a exibição dos curtas, os organizadores deram seguimento ao evento apresentando a mesa redonda “Anistia: Uma luta permanente”, com a presença de Laura Petit da Silva, representante dos familiares de desaparecidos políticos, e do Procurador do Ministério Público Federal de São Paulo, Marlon Alberto Weichert.

“A lei da Anistia, em tese, possibilitou que os atingidos pelos atos da ditadura militar pudessem, gradativamente, voltar aos seus estados de origem, aos seus cursos e locais de trabalho. No entanto, nem todos conseguiram ter seus direitos garantidos, e até hoje, buscam na justiça reparação das perdas sofridas.” Disse a professora Mariléa Venâncio Porfírio, diretora do NEPP-DH e organizadora do seminário.

É o caso de Laura Petit, cujos três irmãos, os engenheiros Lúcio e Jaime, e a professora Maria Lúcia, foram militantes políticos e desapareceram durante os anos de chumbo. A única morte confirmada foi a de Maria Lúcia, em 1972, cujos restos mortais foram encontrados em 1996, em um cemitério no norte do Tocantins. Laura luta há 27 anos pela punição dos assassinos de seus irmãos e para descobrir o paradeiro de seus corpos.

“Um dos pedidos dos familiares é que sejam abertos os arquivos das Forças Armadas. Porque só mediante as informações contidas nesses arquivos que as buscas por corpos serão possíveis. Sem as informações dos militares isso será praticamente inviável.”, Afirma Laura Petit. “A Lei de Anistia não representou sequer a possibilidade de tirar o atestado de óbito. Nós, parentes de desaparecidos políticos, estamos na mesma situação de 30 anos atrás. Continuamos nos perguntando onde estão nossos desaparecidos”.