Projeto foi premiado na edição 2009 do Prêmio L´Oréal-Unesco para Mulheres na Ciência.

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Memória

Pesquisa pode minimizar efeito de pesticidas no meio ambiente

Projeto foi premiado na edição 2009 do Prêmio L´Oréal-Unesco para Mulheres na Ciência.

A pesquisa "Desenvolvimento de Novos Complexos com Potencial Atividade Biorremediadora", da professora do Instituto de Química, Annelise Casellato, acaba de ser premiada na edição 2009 do Prêmio L´Oréal-Unesco para Mulheres na Ciência. O projeto foi um dos selecionados pela comissão julgadora e apresenta o início de um vasto potencial de aplicações.

De acordo com a professora Annelise Casellato o objetivo da pesquisa é sintetizar complexos capazes de hidrolisar moléculas com as mesmas características dos pesticidas, que foram amplamente utilizados na agropecuária no Brasil, como pesticidas organofosforados (substâncias químicas que contêm carbono e fósforo, extremamente tóxicas, fatais na proporção de alguns miligramas, para um homem de cerca de 70 kg).

Esses insecticidas ocasionam intoxicações acidentais em animais e humanos e sao são comercialmente conhecidos como parathion e paroxon, entre outros nomes. Segundo a professora Annellise Casellato, depois que esses compostos forem amplamente caracterizados, o próximo passo será partir para o estudo da reatividade deles em substratos modelos. Eles têm potencial atividade na remediação de solos ou águas contaminadas através da “quebra” da molécula de pesticida, gerando compostos menos tóxicos. Para a química, antes de pensar em um modo de tornar esses compostos economicamente interessantes, precisa-se estudar profundamente como e quanto eles conseguem minimizar o efeito dessas moléculas organofosforadas no meio ambiente.

“Apesar de o projeto ainda estar numa fase inicial alguns compostos já foram sintetizados e no momento a fase é de caracterização destes elementos, utilizando-se de uma série de técnicas espectroscópicas e eletroanalíticas para que possa ser entendida sua estrutura”, afirmou Casellato. Descobriu-se que outras enzimas possuem um sítio ativo (região onde a reação química efetivamente acontece) muito semelhante a esse estudado, portanto, possivelmente esses compostos poderão ter outras aplicações.

Para Annelise Casellato a premiação tem trazido muita visibilidade para o grupo e para a linha de pesquisa. Significa atrair mais alunos e colaborações de outros grupos para o projeto. Além disso, o auxílio financeiro também está sendo muito importante para o desenvolvimento do estudo. “A iniciativa de um grupo como a L’Oréal para incentivar novas pesquisadoras é realmente válida, uma vez que todos sabem das dificuldades quando se esta iniciando uma carreira científica”, disse a professora.

A química ainda avaliou como de grande importância o engajamento de alunos nos grupos de pesquisa dentro das universidades, que torna a formação mais ampla e completa. Além disso, o fortalecimento da pós-graduação também gera um melhor desenvolvimento do aluno e, claro, esse aluno tão bem formado vai se tornar professor da Universidade no futuro. Concluindo, Annelise Casellato afirma que esse “círculo” só traz benefícios para a Universidade e para a sociedade como um todo.

Os US$ 20 mil do prêmio já têm destino certo. Serão utilizados para melhorar a infraestrutura do laboratório e para adquirir reagentes, solventes e outros materiais para aprofundar e ampliar as pesquisas em curso. "Vamos tentar melhorar as propriedades desses compostos para chegar a uma atividade mais próxima das enzimas", fala. E resume: "Queremos fortalecer cada vez mais a química inorgânica no Rio".