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Memória

O caminho para a autorrealização

O alcance da plenitude do ser através do conhecimento é uma das bases da filosofia indiana. Em palestra realizada nessa segunda-feira (10/08) no “Índia em Foco”, evento organizado pelo Centro de Tecnologia (CT/UFRJ), os especialistas Gloria Arieira, Leandro Castello Branco e Paulo Murilo apresentaram os principais aspectos de “vedanta”, “yogha sutra de Patanjali” e “tantra”, constituintes do pensamento indiano.

Embora sejam assuntos semelhantes, os três conceitos apresentados na mesa-redonda mediada pela professora Raquel Movschohitz, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ), pertencem a escolas diferentes. Segundo a professora Gloria Arieira, a principal diferença está na conceituação da liberação. “Enquanto alguns acreditam que ela vem a partir de uma transformação, outros a veem como inata, mas ainda não alcançada em decorrência da ignorância”, explicou.

De acordo com a professora o vedanta é uma tradição espiritual que se preocupa com a autorrealização. “O assunto de vedanta é o conhecimento sobre o sujeito. Vários aspectos da cultura indiana em suas diferentes manifestações têm alguma coisa do ‘veda’, seja na dança ou nas arquiteturas”, disse. Segundo informou, os vedas definem quatro objetivos para a vida humana: aquisição de segurança, aquisição do prazer, questionamento da ação adequada e a liberação do sentimento de insatisfação.

Para Leandro Castello Branco, o yogha sutra, escrito por Patanjali, é um guia na busca espiritual de cada pessoa. A yogha é vista como a interrupção de todos os pensamentos que permitem devolver o indivíduo à própria natureza.

Canais do corpo

O professor Paulo Murilo falou da influência dos chacras na vida humana. Definidos como canais dentro do corpo humano por onde circula a energia vital, eles informam a personalidade individual a partir do que está mais ou menos energizado. “Por isso muitas vezes nós formamos grupos. Isso vai depender da energia que está vibrando, qual chacra tem predominância. À medida que eu vou energizando os chacras, vou compreendendo a vida de outra maneira. Quando nós tomamos consciência do que está por trás das nossas ações, conseguimos nos trabalhar e evitar determinadas reações.”

No debate, a origem do pensamento indiano foi posta em discussão ao ser levantado pela plateia o estilo de vida dos povos indígenas, cujas ações em contato com a natureza se aproximam da filosofia propagada pela Índia. Para os professores, no entanto, embora não tenham discordado da possibilidade de haver outras origens, defenderam que a forma de pensar foi, ao contrário dos índios, preservada na Índia e aberta para o mundo. “Estamos no Rio de Janeiro, em plena universidade, falando desse conhecimento que no fundo cada um de nós de uma maneira ou de outra viveu ou está vivendo. Essa é a maior prova disso”, concluiu.