O Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (NUTES), em conjunto com a Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN), apresentou nessa segunda-feira (15/6) o Seminário de Pesquisa e Extensão NUTES – EEAN/UFRJ. A professora Danielle Grouleau, da McGill Univesity (Canadá), apresentou o tema Generabilidade e Conhecimento na Pesquisa Qualitativa.
Segundo ela, desde o início dos anos 80 os cientistas sociais canadenses pressionavam os pesquisadores para que as descobertas fossem traduzidas para a população de forma a beneficiá-la, e a influenciar as políticas públicas ligadas à saúde. Esse projeto foi implantado primeiramente em Quebec e depois alcançou escala nacional. A palestrante comentou sobre um artigo de Ian Graham chamado “Lost in Knowledge Translation”. De acordo com a professora, esse trabalho acabou rendendo a ele o cargo de diretor de Tradução do Conhecimento do Canadian Institute of Health Research.
Após breve introdução sobre o histórico da tradução de conhecimento científico no Canadá, Danielle Grouleau explicou o que é a Generabilidade do Conhecimento e qual a sua importância. Segundo Grouleau, existem duas definições possíveis, dependendo de qual paradigma o pesquisador segue. De acordo com o paradigma positivista, a generabilidade seria a capacidade de aplicar os resultados de determinada amostra a toda uma população, dentro de uma perspectiva de estudo randomizado. Para o paradigma construtivista, define-se generabilidade como a capacidade de um estudo produzir uma teoria que possa ser generalizada.
Ainda discutindo o paradigma dos pesquisadores construtivistas, a professora Groudeau disse que a generabilidade é importante por ser capaz de influenciar os responsáveis pelas tomadas de decisões sobre a saúde pública. Porém, de acordo com a palestrante, os seguidores dessa linha tratam o tema de duas maneiras em suas pesquisas: ou o ignoram ou dizem que o mais importante é generalizar a teoria, e não as questões relacionadas aos resultados da pesquisa.
Ao fim, a professora disse que, por conta de sua formação como antropóloga-clínica e pela sua experiência em desenvolvimento de pesquisas, acredita que as pesquisas científicas precisam ser úteis, promover mudanças sociais e melhorar a vida das pessoas. Para ela, esse assunto deve ser focalizado e debatido no espaço acadêmico, pois com a generabilidade é possível transformar os resultados das pesquisas em ações práticas para a melhora na saúde da população.