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Palestra sobre ocupações irregulares no Centro do Rio

Ao longo da história, as áreas centrais da cidade do Rio de Janeiro sofreram um processo gradativo de precarização e empobrecimento. Muitos locais abandonados começaram a ser invadidos por uma parcela da população mais miserável. Essa questão da organização urbana do Rio foi levantada na palestra “A Dinâmica de Funcionamento e Organização das Ocupações do Rio de Janeiro”, na tarde desta quinta, dia 6, no Anexo da Escola de Serviço Social, no campus da Praia Vermelha.

O projeto, apresentado pelos estudantes Elizia Januário da Silva, Luiz Eduardo Chauvet, Larissa Lima Azevedo e Amanda Silva Belo faz parte da pesquisa “Requalificação Urbana e Habilitabilidade do Centro do Rio de Janeiro”, orientada pelos professores André Luiz Conrado Mendes, Gabriela Maria Lema Icasuariaga e Valéria Pereira Silva. O estudo visa compreender a dinâmica desse comportamento urbano, através de uma minuciosa delimitação geográfica das ocupações, procurando articulá-las com movimentos políticos, entrevistas com lideranças e moradores e observação participante. “Temos que compreender os personagens daqueles núcleos”, afirma Luiz Eduardo Chauvet.

Para entender esse fenômeno social, o grupo decidiu analisar duas ocupações: Manoel Congo, na Cinelândia, e Frei Tito, na Lapa. “Quando visitamos a primeira, foi muito dificil participar das reuniões. Elas eram restritas aos moradores do local. A entrada só era permitida nas reuniões pré-ocupação, nas quais eram pensadas as ações a serem tomadas, como, por exemplo, o tratamento com a polícia”, comenta Larissa Azevedo.

O mesmo não ocorreu na ocupação Frei Tito, que existe há cerca de 30 anos. “Foi mais fácil se aproximar das dinâmicas do grupo e das lideranças do lugar”, revela Amanda Belo. A comunidade era anteriormente um lugar de passagem, freqüentada por criminosos ou dependentes de drogas, mas acabou virando uma ocupação rapidamente.

De acordo com as entrevistas, a maioria das pessoas que viviam nesses dois locais era do sexo feminino, com 1o grau incompleto e renda familiar abaixo de um salário mínimo. A pesquisa também revelou um índice baixo de criminalidade nas ocupações. Além disso, as perguntas realizadas trouxeram outras informações interessantes: a relação entre os moradores, por exemplo, dependia da maneira como enxergavam a situação (temporária ou permanente) e as reuniões promovidas pelas lideranças tinham poucos participantes.

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