Nesse ano, a Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Artística e Cultural (JIC 2008) não se limitou à habitual apresentação de trabalhos desenvolvidos por estudantes da UFRJ em parceria com professores orientadores. Além das exposições de painéis e das apresentações orais, a organização do evento trouxe à universidade ex-alunos de diversos cursos que se destacaram em suas carreiras para participarem de mesas redondas.
No dia 5 de novembro, foi a vez do Centro de Letras e Artes (CLA) recepcionar seus antigos discentes. Arquitetos, educadores e artistas se reuniram no salão Azul da Reitoria para relembrarem momentos como estudantes da UFRJ e para debaterem os novos desafios da área de Ciências Humanas.
Entre eles, estavam Helena Ibiapina, superintendente da Fundação Universitária José Bonifácio (FUJB); Maria José Chevitarese, professora da Escola de Música (EM) da UFRJ; os arquitetos Jerônimo Leitão e Henrique Gaspar; e Gílson Martins, famoso designer de bolsas.
Cada participante deu, à sua maneira, contribuições para o debate acerca do futuro das Ciências Humanas. Helena Ibiapina enfatizou a necessidade de maiores investimentos nas pesquisas realizadas nessa área do conhecimento. A pesquisadora afirmou que, embora o número de bolsas e o de cursos tenha aumentado, o fomento dado às Ciências Humanas, em especial às áreas de Lingüística e Letras, ainda é aquém do ideal. “As instituições públicas investem pouco. As pesquisas são escassas, porque os resultados não são imediatos, demandam tempo. Mas temos que reagir a isso, já que a área de Humanas tem muita gente boa”, convocou.
Já a professora Maria José Chevitarese, também ex- pró-reitora de Extensão, destacou alguns desafios a serem enfrentados pela universidade do século XXI. Adaptar-se a um mundo que muda com rapidez e preparar seus alunos para isso foram dois pontos eleitos pela professora. Para Maria José, a UFRJ deve ainda lançar mão de novas tecnologias e de projetos que objetivem incluir e facilitar o acesso de pessoas de baixa renda ao Ensino Superior.
Provando que a universidade possui uma presença viva e marcante na sociedade, Gilson Martins, designer de bolsas conhecido nacionalmente, veio à UFRJ contar um pouco de sua história. Ele lembrou que o pontapé inicial de sua carreira foi dado nos corredores da Escola de Belas Artes (EBA) da UFRJ. Ainda como estudante de Artes Cênicas, Gilson confeccionava bolsas e mochilas para os colegas de faculdade. O sucesso foi tanto que, em pouco tempo, o designer passou a vender acessórios para grandes empresas, até que conseguiu abrir suas próprias lojas. “A EBA está envolvida na minha história pessoal”, pontuou Gilson.
A participação dos arquitetos encerrou a mesa redonda do CLA. Jerônimo Leião, atual diretor da Faculdade de Arquitetura da Faculdade Federal Fluminense (UFF), falou sobre o desafio, cada vez mais latente, de humanizar os ambientes das favelas. Ele recordou que, em sua época de graduando, alguns professores já apontavam a necessidade de os arquitetos atuarem diretamente sobre esses espaços. “A universidade pública tem o papel fundamental de formar profissionais qualificados no campo do Planejamento Urbano e de realizar projetos de Extensão que aproximem os estudantes da realidade da favela”, ressaltou ele.
Henrique Gaspar, arquiteto assessor técnico do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam), também sugeriu que as instituições públicas de Ensino Superior se debrucem sobre as políticas urbanas das cidades brasileiras. Gaspar, que, quando aluno, apresentou trabalho em uma Jornada de Iniciação Científica, conclui seu discurso, enaltecendo a importância do evento para os estudantes: “A Jornada é essencial na vida acadêmica do estudante, já que ela pode apontar o caminho profissional que ele pode seguir. Ali, o aluno é provocado a pensar, a se expor”, finaliza.