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Um caso de angústia infantil em comunidade carente

A aluna de Psicologia Andreza Maia Pereira apresentou nesta terça, dia 4, na JIC 2008 o trabalho Paulo: Um Estudo de Caso de Angústia Infantil, feito em parceira com a também aluna do Instituto de Psicologia (IP) da UFRJ Cláudia Borges de Araújo. A pesquisa foi orientada por Cristina Monteiro Barbosa, professora do Departamento de Psicometria. Durante a apresentação, Andreza narrou o quadro psicanalítico e familiar de uma criança de 8 anos que sofre de angústia. A idéia surgiu de seu envolvimento com o atendimento “clínico-social” a pacientes oriundos de comunidades carentes do Rio de Janeiro, do qual a aluna participa através do projeto de extensão “Intervenção clínica como possibilidade de produção subjetiva”, associado ao Programa de Pesquisa e Extensão em Avaliação, Diagnóstico e Intervenção Psicológica (PROIPADI) da UFRJ.

O projeto pretende promover um atendimento embasado em uma leitura psicanalítica cuja proposta é pensar em uma “clínica do social”. A partir desta proposta, Andreza procurou pesquisar um caso infantil, selecionando um menino, chamado “Paulo”, que desde março é atendido por ela em sessões realizadas uma vez por semana com duração de 60 minutos.

Segundo a aluna, o menino chegou pela primeira vez para ser atendido muito assustado. Trazido pela mãe, “Paulo” contou que não consegue dormir sozinho e costuma ter pensamentos sobre morte desde que viu uma reportagem sobre uma criança que ficara órfã depois de uma invasão. Relatou também ter medo de sair de casa e ficar sozinho. Andreza afirmou que, ao perguntar-lhe o que ele sente, “Paulo” respondia que estava com “um trauma”.
A partir do atendimento psicológico, a aluna levantou algumas questões, dentre elas “como pensar a aplicabilidade da Psicanálise na clínica do social com crianças?”. Para fazer essa abordagem, a aluna disse ser necessária uma leitura de Freud para entender como a angústia pode ser analisada numa criança que convive num meio repleto de interferências, como a violência urbana. Segundo ela, a violência urbana é um desafio importante na terapia psicanalítica social, pois é preciso discernir quando um transtorno é conseqüência da violência e quando aparece apenas como forma simbólica de um problema com causa fundamentalmente psíquica.

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