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Ciência, dança e música compõem recepção aos calouros no CCS

 Com o começo do semestre, chegam novos alunos à faculdade. E como é tradição na casa, o Centro de Ciências da Saúde (CCS) recebeu os calouros com uma aula inaugural seguida de atividades culturais, no Auditório Rodolpho Paulo Rocco (Quinhentão), no dia 5 de março. A aula, ministrada por Francisco Radler do Instituto de Química, teve como tema “PAN 2007 – o último evento esportivo regional sem ‘ômicas?’”. Já as apresentações de música e dança ficaram por conta da Bateria Mirim da Estação Primeira de Mangueira e da Companhia Folclórica do Rio de Janeiro –UFRJ. 

A mesa de abertura foi composta por Claúdia Giardinni, representante da pró-reitoria de graduação, o decano do CCS Almir Fraga Valadares, o superintendente do CCS Roberto José Leal, o professor do Instituto de Química (IQ) Francisco Radler, o coordenador de integração acadêmica Jorge Fernando e os representantes do corpo discente Marcello Bernardo, do Diretório Central dos Estudantes (DCE), e Luís, do Centro Acadêmico (CA) da Escola de Educação Física e Desportos.

O decano do Centro deu início a palestra agradecendo a presença de todos e evidenciando a importância do evento que serve de integração entre o corpo acadêmico, discente e docente. “Hoje é o presente, mas estamos aqui com vocês, que são o futuro da nossa universidade e do nosso país”, declarou o decano.

O representante do CA, chamou os alunos novos a lutar pela Universidade. “Os calouros têm que se comprometer com o movimento. O projeto do REUNI, aprovado praticamente sem discussão com o conjunto da comunidade acadêmica, prejudica o projeto de universidade pública e de qualidade que temos”, afirmou ele. “A gestão de agora do DCE faz parte do que chamamos de novo movimento estudantil, que não ficar colado a parlamentares e o governo, e vai á sala de aula chamar o estudante à luta”, completou o membro do DCE, após desejar boas vindas.
 
— A universidade é um espaço para conviver com as diferenças, onde se aprende o espírito público. É a casa do saber, como dizia Carlos Lessa. Dentro dessa filosofia, pensamos em uma aula inaugural que congregasse nossas metas e esforços -, disse Jorge Fernando.

Dopping: a droga não-terapêutica
A aula de abertura do Centro explorou o tema do Dopping e o esporte, juntando diversas áreas de estudo. “O conhecimento não é mais segmentado. Temos que ser multidisciplinares”, explicou Francisco Radler. “Para unir as diferentes áreas de conhecimento, escolhemos como ponte a Química. Já que, se olhar a sua volta, toda essa matéria é constituída de moléculas. E a ciência que se especializou no estudo das moléculas é a química”, continuou ele.

— Vale a pena mencionar que é um erro utilizarmos a palavra “droga” como uma coisa pejorativa, já que ela, na química, pode ser usada para fins terapêuticos. Um remédio é constituído de drogas -, acrescenta o especialista. De acordo com ele, para o controle do Dopping, o estudo deve passar também pelos efeitos colaterais, que podem ser benéficos para o desempenho atlético a curto prazo. Para aproveitar esse efeito, os atletas têm que usar altas doses do medicamento.

De acordo com o especialista, o esportista acaba utilizando as drogas para melhorar seu desempenho devido a pressões exercidas pela sociedade ou por razões econômicas. “Não só para proteger a ética esportiva e garantir justiça a todos os competidores, mas também por ter uma parcela de culpa sobre isso é que nós temos o dever de cuidar dos usuários de dopagem”, declarou.

O professor também afirmou a necessidade de garantir que a urina é do próprio atleta, apesar de que os métodos hoje disponíveis para isso sejam controversos. “Não importa quão bom seu laboratório é, você precisa ter certeza da procedência da urina. Se não fiscalizar o processo, você pode estar sendo enganado. Não há limites para o abuso de drogas no esporte”, ressaltou Radler.

Diversos tipos de drogas podem ajudar o desempenho dos atletas em situações diferentes. “Por trás dessa melhoria anormal do desempenho atlético podem estar estimulantes, analgésicos (que reduzem a dor), corticosteróides, e até bloqueadores, que reduzem os batimentos do coração de forma a beneficiarem o desempenho em esportes de precisão como o tiro de arco e flecha”, enunciou Redler. Ele ainda destacou as dopações de sangue e as β-antagonistas, que possuem efeitos anabolizantes, embora estejam presentes em medicamentos contra asma, por exemplo.

—É preciso dar destaque também aos esteróides anabolizantes, que são alguns dos mais utilizados. Eles acumulam um grande número de conseqüências negativas, como a sobrecarga do fígado e dos rins, pode causar AVC, cardiopatia e até adicção similar a das drogas pesadas de rua -, esclareceu. “Os hormônios peptídicos são também extremamente perigosos, pois alteram a própria essência bioquímica da pessoa sem que ela tenha conhecimento do que está fazendo”, continuou o especialista.

O professor concluiu explicando o que ele quis dizer com a palavra “ômica”. “Refiro-me às tecnologias de genômica, proteômica e metaboleômica, que são capazes de encontrar alterações na genética, na constituição das proteínas e no metabolismo, respectivamente. No futuro, as alterações provocadas pelo Dopping serão a esse nível”, finalizou.

Dança e Música Brasileira
Após a aula inaugural, o evento ainda contou com uma apresentação da Bateria Mirim da Estação Primeira de Mangueira, que animou a platéia, arrancando aplausos de todos os presentes. Os dez percussionistas deram um show que não nos deixa dúvida quanto ao futuro da escola de samba.

A Companhia Folclórica do Rio de Janeiro  da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ se apresentou no saguão de acesso ao auditório, destacando diversas danças e músicas típicas. Os participantes do grupo incentivaram os alunos e funcionários presentes a dividir com eles o palco seguindo ritmos animados. “Ficamos satisfeitos em trazer para dentro da UFRJ um pouco da sabedoria popular”, declarou a coordenadora do grupo professora Eliana Amorim Moura.